sexta-feira, 31 de agosto de 2012


 ENCONTRO PARA O MÊS DE SETEMBRO
BÍBLIA NA CATEQUESE

ORAÇÃO INICIAL                                    
Canto: Ó luz do Senhor, que vem sobre a terra, inunda meu ser, permanece em nós!
A: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo!

Salmo 19 (18) Parte B
“Sejam perfeitos como o Pai de vocês é perfeito”(Mt 5,48)
Agradeçamos ao Senhor que nos revelou os seus mandamentos e preceitos, especialmente na pessoa de Jesus, Caminho, Verdade e Vida!
  
A lei de Deus é perfeição
 É reconforto para o coração
 A sua ordem traz alegria,
 Para quem não sabe, é sabedoria.
Os seus preceitos são tão direitos,
O coração fica satisfeito.

Seus mandamentos são luminosos,
Para quem  é cego, luz para os olhos.
O temor de Deus é tão sereno,
E duradouro é o seu empenho.
Os seus juízos são verdadeiros,  
Da mesma sorte são justiceiros.

Supera o ouro em sua finura,
Supera o mel em sua doçura.
Nos teus preceitos teu servo vai,
Pois observá-los proveito traz.
Quem suas faltas consegue ver?
Perdoa as que eu fiz sem perceber.
Minha soberba, vem, elimina,
Jamais consintas que me domine.

Recebe um canto de gratidão
E o meditar do meu coração,
Em tua presença, ó meu Senhor,
Ó meu rochedo, meu Redentor.
Ao Deus que é, ao Deus vem
Nosso louvor para sempre. Amém.

(Silêncio/ partilha)

Canto: Deixa-me ficar em paz, Senhor, para ouvir tua Palavra, n coração do meu silêncio, deixa-me ficar em paz
Leitura: 2Tm 3,14-17
(silêncio e reflexão pessoal)

 APROFUNDAMENTO
A Presença da catequese na Escritura e da Escritura na catequese
A: Afirmar que a Bíblia é fonte por excelência da catequese é reconhecer esta palavra escrita como Palavra de Deus e da Vida. No princípio diz a Bíblia, que Deus com sua palavra criadora modelou e organizou todas as coisas em seu devido lugar (Gn 1, 1-2).
T: A Escritura é fonte e princípio da revelação de Deus. A catequese tem a missão de fazer ressoar na vida dos catequizandos a Palavra revelada.
L1: A Escritura, Palavra de Deus e palavra humana, são consideradas, como que manuais de catequese, uma vez que a catequese foi dando forma a Tradição escrita. Sabe-se, pela Tradição, que a Palavra de Deus (Tradição oral e escrita) é o ponto central da vida da comunidade que, no exílio e, sobretudo, após o exílio, passa a ser lida, relida e atualizada em vista da organização do povo, em resposta ao Deus da Aliança.
L2: O processo de transmissão consistia num núcleo fundamental para a exegese hebraica. Esta Tradição oral, ensinamento foi sendo transmitida de geração em geração. Este processo podemos chamar de catequese.
T: Para a Igreja a Escritura junto com a Tradição viva é norma suprema da fé, fonte principal e anúncio de vida.

A: Qual a relação entre Bíblia e Catequese?
L1 - A Finalidade comum: tanto a Bíblia como a catequese tem a mesma finalidade. A Bíblia não é um depósito de ideias e nem um livro de doutrinas. É, sobretudo, a manifestação escrita do ato vivo de Deus, que se comunica sem cessar as pessoas.
L2 - Assim, também a catequese. Antes de ser um conjunto de doutrinas, é a manifestação do amor de Deus sempre presente na vida humana. Transformar, iluminar e comprometer a vida dos que recebem a Palavra é exatamente o que busca tanto a bíblia como a catequese.

Canto: É como a chuva que lava, é como o fogo que arrasa,
           Tua Palavra é assim, não passa por mim sem deixar um sinal.

A: Qual a relação entre Bíblia e Catequese?
 L3- A Mensagem comum: a Bíblia e a catequese têm a mesma mensagem Tanto para uma como para outra os grandes temas que lhes envolvem são:
 O Deus vivo encarnado na história;
A pessoa humana, com seu mistério, sua vocação e sua missão no mundo e na história;
O mundo, como lugar do estabelecimento das relações fraternas;
A história, lugar da intervenção gratuita de Deus e da resposta das pessoas;
O Reino, presença permanente e transformadora de Deus no mundo, na história e no coração humano;
O seguimento de Jesus, as bem-aventuranças e os valores centrais do Evangelho;
O testemunho e compromisso com o serviço dos irmãos;
O sentido que tem a vida humana; a vida da fé, esperança e amor fraterno;
A necessidade do diálogo com Deus por meio da oração pessoal, comunitária e litúrgica.

Canto: É como a chuva que lava, é como o fogo que arrasa,
           Tua Palavra é assim, não passa por mim sem deixar um sinal.

 Como ler as Escrituras na Catequese
A: Há muitas formas de se ler as Sagradas Escrituras na catequese. Porém, métodos e procedimentos são caminhos através dos quais podemos ler um texto bíblico e mesmo assim não devem ser absolutizados. O Diretório Nacional de Catequese lembra-nos de dois objetivos na leitura da função da Bíblia na catequese: Formar comunidade de fé e Alimentar a identidade cristã.
L1: Todos os textos da Bíblia têm um valor próprio e especial e por isso foram conservados ao longo de tanto tempo, e a Tradição os considerou inspirados. É necessário descobrir esses valores presentes nos textos e deixar que eles iluminem nossa vida.
L2: O texto requer sempre uma atenção especial. Às vezes é tal a ânsia de se servir dele para expor as próprias ideias, que não se presta atenção ao que ele tem a dizer. Requer empenho para que pequenas dificuldades com o texto não distraiam da mensagem fundamental que a Bíblia traz: o mistério da vida, da história, do Deus sempre imprevisível.
T: Esse critério ajudará na leitura da Bíblia a superar os riscos de uma leitura fundamentalista, isto é, a impossibilidade de perceber as riquezas incontáveis da Palavra de Deus.
L3: A própria Bíblia é uma mediação para a sublime revelação divina. Quanto mais experiência de vida e vivência de fé, mais a pessoa penetra a mensagem bíblica. O importante mesmo é o posicionamento do leitor: lemos a Bíblia como a lê a nossa Igreja: na perspectiva doutrinal, moral e evangélico-transformadora... a partir dos desamparados nos quais Deus quer ser servido.
T: A leitura da Bíblia não é mera questão de técnicas: é uma opção de vida, fruto do dom do Espírito.

Canto: A Bíblia é a Palavra de Deus, semeada no meio do povo. Que cresceu, cresceu e nos transformou, ensinando-nos a viver um mundo novo! (bis)

REFLEXÃO: MOMENTO DE DIÁLOGO
1- A Palavra de Deus tem centralidade em nossos encontros de catequese?
2- Qual a importância que damos a Palavra de Deus na evangelização e na Liturgia?
3 - Temos nos exercitado na leitura orante da Palavra de Deus?

ORAÇÃO FINAL
A: Como seguidores de Jesus compreendemos a função da Palavra de iluminadora de nossos passos, a chama de luz a romper as trevas e iluminar o caminho a seguir. Ao clarear a caminhada, a palavra orienta toda a conduta humana, passo a passo. O próprio Senhor é a lâmpada que ilumina a treva da nossa vida.
Canto: “É uma luz tua Palavra, é uma luz pra mim Senhor. Brilha esta luz, tua Palavra, brilha esta luz, em mim Senhor”
L1: Ilumina-nos, Senhor, para que a tua Palavra nos ensine como ser e agir, nos ensine a caminhar conforme teu projeto e nos ensine a construir a vida em ti.
Canto: “É uma luz tua Palavra, é uma luz pra mim Senhor. Brilha esta luz, tua Palavra, brilha esta luz, em mim Senhor”
L2: Ilumina-nos Senhor, para que sejamos corrigidos no caminho da vida e consigamos compreender os teus projetos. Que nós abramos o coração para a Palavra que exorta e corrige e sejamos seguidor de teus passos
Canto: “É uma luz tua Palavra, é uma luz pra mim Senhor. Brilha esta luz, tua Palavra, brilha esta luz, em mim Senhor”
A: Ilumina-nos Senhor para que sejamos educados na justiça e nessa pedagogia do amor sejamos amado por ti. Que nossos caminhos sejam sempre iluminados por tua Palavra.
Canto: “É uma luz tua Palavra, é uma luz pra mim Senhor. Brilha esta luz, tua Palavra, brilha esta luz, em mim Senhor”
A: Pai nosso...

BENÇÃO
A: Que o caminho seja brando a teus pés, o vento sopre leve em teus ombros; o sol brilhe em tua face, as chuvas caiam serenas em teus campos, e até que de novo eu te veja, Deus te guarde na palma de sua mão!
Todos: Amém, assim seja, amém, amém!
A: Vamos nos saudar em Cristo Jesus!

**Roberto Bocalete

terça-feira, 28 de agosto de 2012

BÍBLIA E CATEQUESE

A catequese se estrutura a partir de fontes. Cristo é a fonte por excelência (Revelação), a Sagrada Escritura é a fonte inspirada e documento principal da fé, a Liturgia é a fonte celebrativa do mistério cristão, a Tradição é a rica vivência dos antepassados transmitida para as gerações, o Magistério é a hierarquia constituída que interpreta e atualiza a Palavra de Deus e o Testemunho é a vivência da mensagem evangélica em comunidade, um dos melhores recursos para a catequese . As fontes são lugares e modos nos quais a Palavra de Deus se revela e nos quais a catequese deve beber constantemente para uma identidade sempre genuína .
É fundamental destacar na catequese sua íntima relação com a Sagrada Escritura, que exorta, ensina, refuta, corrigi, educa na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito (cf. 2Tm 3,16), e a intrínseca ligação com a liturgia, fonte da memória celebrada do mistério pascal de Cristo e expressão da vida da Igreja. A fonte na qual a catequese busca a sua mensagem é a Sagrada Escritura, fruto da experiência de fé de um povo com Deus: nela, a Igreja reconhece o testemunho autêntico da Revelação divina, por isso, é o livro de catequese por excelência e os diversos manuais ou textos catequéticos lhe servem de complementação . Por isso, uma catequese que não assuma a leitura bíblica como característica fundamental, é uma catequese que caminha para a esterilidade, que não alimenta na fé, no diálogo profético, na comunhão e na identidade cristã.
Afirmar que a Bíblia é fonte por excelência da catequese é reconhecer esta palavra escrita, como Palavra de Deus e da Vida e também assumir a catequese como responsável por “fazer ressoar” na vida dos catequizandos a Palavra revelada.
A relação entre Bíblia e Catequese vai se dar no fato de terem nascido juntas, uma sendo fonte da outra; na finalidade comum, que é  a manifestação escrita do ato vivo de Deus, que  se comunica sem cessar as pessoas, convidando-as a experiência de fé; na pedagogia comum, comunicação de libertação das pessoas e valor da dignidade que elas têm no projeto do Reino; e na mensagem comum: o mistério da vida, da história, do Deus sempre imprevisível que intervém na história humana por meio dos homens e mulheres, dos mártires e profetas .   Os Bispos do Brasil afirmam que a catequese deve fazer desta fonte o seu referencial maior e central, num diálogo permanente com a vida e a história. Não se trata, porém, de tirar da Sagrada Escritura (e da Tradição) elementos fragmentários a serem inseridos na Catequese, mas de respeitar a natureza e o espírito da Revelação Bíblica. Falar da Escritura como fonte de catequese é acentuar que esta tem que ser impregnada pelo pensamento, pelo espírito e pelas atitudes bíblicas e evangélicas, mediante um contato frequente com os próprios textos sagrados; e é também recordar que “a catequese será tanto mais rica e eficaz quanto mais ela ler os textos com inteligência e o coração da Igreja, e quanto mais ela se inspirar na reflexão e na vida duas vezes milenária da mesma Igreja”  .
A Bíblia deve ajudar a formar comunidades de fé (a Palavra é fonte do conhecimento da vontade de Deus), alimentar a identidade cristã e enriquecer a prática de oração. É importante que sua utilização na catequese esteja a serviço da educação para uma fé engajada e responsável, fecunda e enriquecedora. Portanto, todo roteiro catequético deverá ser iluminado pela Bíblia e ainda incluir estímulos e orientações com vista a uma leitura bíblica, segundo um plano adequado à idade e às condições culturais do leitor .
A Sagrada Escritura proporciona à catequese o seu conteúdo, o desígnio de salvação, que pode ser atualizado no presente, por meio de uma hermenêutica amadurecida dos teólogos e do próprio Magistério, projetando o catequizando no futuro, segundo as promessas de Deus. A Bíblia introduz a catequese no curso da economia da salvação e faz com que aquele que aprofunda a fé, sinta-se povo de Deus, tome gosto pela leitura orante da Bíblia, pelos círculos bíblicos, pelos encontros das pequenas comunidades, elaborando na realidade a transformação que a Palavra causa. Definitivamente, a catequese não pode não ser bíblica, porque lhe faltaria o essencial da experiência de fé do povo com o Deus que preenche o humano no mais íntimo de seu ser, dando-lhe sentido para esta existência.
A iniciação à leitura da Bíblia, na catequese, deve levar não só ao contato com a Palavra de Deus na leitura pessoal ou grupal da Escritura, mas principalmente à compreensão da Palavra proclamada e meditada na Liturgia, que também é fonte perene da catequese por ser memorial do mistério pascal, experiência celebrativa, comunicação, vivência do mistério, lembrança e realização, síntese de fé e interiorização da experiência religiosa. A catequese educa a fé que é celebrada na liturgia: uma alimenta a outra, são as duas faces do mesmo mistério.


** Roberto Bocalete, especialista em Pedagogia Catequética

MOMENTO DE ESPIRITUALIDADE

Momento de oração – Jo 13,1-15: Eucaristia, fonte da missão

1° Passo: Escolha o ambiente e coloque-se de modo confortável para oração
2° Passo: Invoque o Espírito Santo (acalme-se, respire paz. Pode-se cantar interiormente nesse momento: Espírito de Deus toma conta de mim, toma conta de mim. Espírito de Deus, Espírito de deus, toma conta de mim)
3° Passo: Ler: conhecer, situar e respeitar: leia algumas vezes, observe palavras e notas de rodapé, quem são os personagens e o que fazem, qual o problema presente no texto e a solução, qual o sentido de cada frase.

REFLETIR:
     Naquela noite da última ceia, Jesus participava do banquete mais importante dos judeus. Era o banquete pascal, uma ceia religiosa que a família se reunia para recordar a ação de Deus, libertando o povo do Egito. Era uma ceia alegre, feita com canções, com perguntas e com salmos e orações. Foi naquela Última Ceia que Jesus quebrou um protocolo. No meio da ceia, ele levanta-se, amarra um avental na cintura e começa a lavar os pés de seus discípulos. Tanto no tempo de Jesus, como em nossos dias, acharíamos muito estranho se alguém, durante um banquete, começasse a lavar os pés dos comensais. Jesus fez isso. E fez isso no meio da Ceia.
     Se Jesus tivesse lavado os pés dos discípulos no início da Ceia, muitos diriam que ele realizou um gesto de purificação ritual, que existia no costume ritual judaico. Se Jesus tivesse feito no início da Ceia, poderíamos pensar que ele estivesse ensinando que existe uma condição purificadora para participar da Eucaristia e, neste caso, os pecadores estariam excluídos. Jesus, no entanto, não escolheu o início da Ceia para lavar os pés dos discípulos, mas no meio da Ceia, quando já estava vestido com o manto da festa -paramentado para celebrar a Ceia . O gesto de Jesus abre um horizonte novo e compromete cada celebrante da Eucaristia a ser um seguidor do exemplo de Jesus que ensinou certa vez: “eu estou no meio de vós como aquele que serve”. A Missa, a Eucaristia não é uma oração e nem um momento para tocar nosso emocional religioso; é acima de tudo provocação para que deixemos mesas e paramentos que nos distinguem entre ricos e pobres, tornando-nos servidores uns dos outros.
     A Eucaristia, a celebração da Missa, só se torna completa se for continuada no serviço. Assim como o gesto do lava-pés foi símbolo do serviço em favor da vida plena, que Jesus realiza na Cruz, da mesma forma, cada um de nós que celebra esta Eucaristia - e participará de outras Eucaristias - só a completaremos em nossas vidas pela disposição de servir e viver disponível ao serviço fraterno. Um serviço a ser feito no amor: “eu vos dou um novo mandamento: que vos ameis”.

4° Passo: Meditação: dialogar, atualizar :O que esse texto tem a me dizer hoje? Que versículo mais me chamou minha atenção? Que atitude me sugere e me revela? Como fazer meus os valores que apresenta? Que aspecto de minha vida precisa ser mudado?
5° Passo: Oração: suplicar, louvar, recitar (momento de dialogar com Deus) A pergunta chave é: O que a leitura e meditação me fazem dizer a Deus? Apoiar-se para este momento na oração: Tirai-me de minhas mesas, Senhor! Principalmente daquelas mesas, onde sento para ser servido, onde espero que prestem reverência e me admirem. Tirai-me de tronos que construí para mim mesmo, imaginando-me senhor e patrão. Dai-me um avental e uma toalha para colocar em minha cintura, uma bacia com água em minhas mãos, e a simplicidade para ajoelhar-me e servir. Ponde em meu coração a disposição para servir, a prontidão para levantar-me da mesa, e mãos abertas e prontas para servir.
 6°Passo: Contemplação: ver, saborear, agir (sentir a presença silenciosa de Deus, neste momento não se diz mais nenhuma palavra, falamos apenas com os olhos e o coração).
A que conversão Deus me convida com esse texto? Qual o novo olhar que tenho a partir de agora?
7° Passo: Assuma um compromisso de vida (O que esse texto sugere para minha vida diária? Anotar no espaço abaixo)
8° Passo: Encerre com uma oração (intimidade da despedida)

** Roberto Bocalete

domingo, 26 de agosto de 2012


LITURGIA E CATEQUESE

A catequese se estrutura a partir de fontes. Cristo é a fonte por excelência (Revelação), a Sagrada Escritura é a fonte inspirada e documento principal da fé, a Liturgia é a fonte celebrativa do mistério cristão, a Tradição é a rica vivência dos antepassados transmitida para as gerações, o Magistério é a hierarquia constituída que interpreta e atualiza a Palavra de Deus e o Testemunho é a vivência da mensagem evangélica em comunidade, um dos melhores recursos para a catequese . As fontes são lugares e modos nos quais a Palavra de Deus se revela e nos quais a catequese deve beber constantemente para uma identidade sempre genuína .
O DNC destaca que essas duas fontes regam a catequese: Bíblia e Liturgia. A fonte na qual a catequese busca a sua mensagem é a Sagrada Escritura, fruto da experiência de fé de um povo com Deus: nela, a Igreja reconhece o testemunho autêntico da Revelação divina, por isso, é o livro de catequese por excelência e os diversos manuais ou textos catequéticos lhe servem de complementação . Por isso, uma catequese que não assuma a leitura bíblica como característica fundamental, é uma catequese que caminha para a esterilidade, que não alimenta na fé, no diálogo profético, na comunhão e na identidade cristã.
A catequese como educação da fé e a liturgia como celebração da fé são duas funções da única missão evangelizadora da Igreja. A catequese, sem a liturgia, esvazia-se da dimensão do mistério e reduz-se a um amontoado de ensinamentos e teorias sobre Deus e a Igreja, mas sem significado profundo para vida. A liturgia, por outro lado, sem a catequese, é carente do sentido e conteúdo da fé, que se consolida no aprofundamento da mensagem cristã, missão assumida pela catequese .
A liturgia é fonte inesgotável da catequese, não só pela riqueza de seu conteúdo, mas pela sua natureza de síntese e cume da vida cristã: enquanto celebração ela é ao mesmo tempo anúncio e vivência dos mistérios salvíficos; contém, em forma expressiva e unitária, a globalidade da mensagem cristã. Por isso ela é considerada lugar privilegiado de educação da fé e os autênticos itinerários catequéticos são aqueles que incluem em seu processo o momento celebrativo como componente essencial da experiência religiosa cristã .
A liturgia tem um enorme potencial evangelizador e catequético, ou antes, que ela própria é, sem perder a sua especificidade, uma forma excelente de evangelização e de catequese. Mas não de forma automática e quase mágica: para se tornar catequese em ação, a liturgia tem de percorrer um longo caminho de renovação, de avaliação de suas linguagens simbólicas, de inculturação, seguindo as leis de toda comunicação da fé válida e correta .
A ação litúrgica faz memória, isto é, torna presente, traz para o momento atual os acontecimentos da salvação. A liturgia é a celebração dos mistérios de Deus. Os “mistérios” são os projetos de Deus que se realizam na pessoa de Jesus Cristo: a redenção e a salvação de todos os homens, a instauração do Reino. O mistério central da vida de Cristo é o mistério pascal. A liturgia celebra a páscoa do Senhor e a páscoa de seu povo. Celebra os sofrimentos, a morte, e a vitória de Cristo sobre a morte, mas celebra também os sofrimentos, as dores, derrotas, e vitórias do povo, a esperança da concretização do Reino na vida humana .
A liturgia, com seu conjunto de sinais, palavras, ritos, símbolos, em seus diversos significados, requer da catequese uma iniciação gradativa e perseverante para ser compreendida e vivenciada. Os sinais litúrgicos são ao mesmo tempo anúncio, lembrança, promessa, pedido e realização, mas só por meio da palavra evangelizadora e catequética esses seus significados tornam-se claros. É tarefa fundamental da catequese iniciar eficazmente os catequizandos nos sinais litúrgicos e através deles introduzi-los no mistério pascal .
Aquilo que não é celebrado não pode ser apreendido em sua profundidade e em seu significado para a vida. A catequese leva em conta essa expressão de fé pelo rito para desenvolver também uma verdadeira educação para a ritualidade e o simbolismo. Há, portanto, uma sintonia entre a fé, a celebração e a vida. O mistério de Cristo anunciado na catequese, isto é, o saber catequético, é assimilado e saboreado, através da ritualidade, do simbolismo, do ritmo que a liturgia imprime, pelo seu caráter mistagógico. Portanto, o saber, é capaz de oferecer os elementos necessários para a compreensão daquilo que é celebrado e dar-lhe sentido e significado .
A catequese tem uma tarefa de iniciação na vida litúrgica em três dimensões principais: no plano da celebração, a catequese inicia nos diversos ritos e formas de expressão; no plano do mistério, a catequese favorece e ilustra experiências bíblicas e eclesiais significadas pelos ritos; no plano da existência, a catequese deve educar na acolhida, no agradecimento, na comunhão, na escuta .
O processo da formação litúrgica na catequese possui diversos elementos, importantes para a compreensão intrínseca ligação entre ambas: centralidade do Mistério Pascal de Cristo na vida dos cristãos e em todas as celebrações; a compreensão dos ritos e símbolos como reveladores da ação pascal de Cristo e experiências de encontro com o Ressuscitado; a dimensão comunitária da liturgia com sua variedade de ministérios; o exercício de preparar boas celebrações, realizá-las adequadamente e proclamar claramente a Palavra; a participação dos cristãos na Eucaristia; a espiritualidade pascal, ao longo do Ano Litúrgico; a espiritualidade penitencial ou de conversão mediante a celebração do Sacramento da Conversão e Reconciliação; o sentido dos sacramentos, especialmente a Eucaristia, como sinais da comunhão com Deus, em Cristo, que marcam, com sua graça, momentos fortes da vida e atualizam a salvação no nosso dia a dia; aprofundamento do sentido da presença de Maria no mistério de Cristo e da Igreja; redimensionamento bíblico-litúrgico da religiosidade popular .
Há de se cuidar para que não haja somente preocupação com a transmissão de conteúdo na catequese, mas também se enfatize a dimensão celebrativo-litúrgica que corresponde ao saborear. A liturgia tem mais a ver com sabor, com a experiência de sentir o toque de Deus na realidade humana, por isso, quanto menos explicações e comentários, mais o canal de comunicação por meio da linguagem simbólica, ritual, sonora, gestual será eficaz. É a experiência do mergulho da inteireza do ser no mistério celebrado.
Para tanto, é importante que a catequese tenha na celebração o ponto alto do encontro, momento em que há interiorização, partilha e crescimento da fé a partir da vida. A catequese litúrgico-celebrativa é carregada de momentos fortes de oração (súplica, gratidão, intercessão e perdão), faz o confronto pessoal e comunitário com a realidade, da fé com a vida e da vida com a fé.  A catequese com celebrações vivenciais favorece uma compreensão e uma experiência sempre rica da liturgia, conduz para uma leitura dos gestos e sinais, e educa a participação ativa nas celebrações dos sacramentos, para a contemplação e para o silêncio.
A catequese com expressões celebrativas exige atenção para alguns detalhes: atenção ao corpo como fonte de sentimento, emoção, experiência, alegria, lágrimas, afeto, carinho, acolhida; a linguagem simbólica, sempre aberta ás diversas interpretações, por isso jamais explicada; expressões, cores, posições, gestos, caminhadas, músicas rituais, danças, olhares: tudo como forma de comunicar o mistério e envolver o ser religioso no encontro com o Sublime.


Roberto Bocalete, especialista em Pedagogia Catequética PUC-GOIÁS

terça-feira, 21 de agosto de 2012


 CATEQUESE E VOCAÇÃO
VOCAÇÃO UNIVERSAL À SANTIDADE

Tudo começa (ponto de partida) com uma experiência pessoal com Jesus Cristo
Experiência de encontro vital e existencial (superação da imediata e da dirigida)
Encontros de Jesus que transforma (Hemorroíssa, samaritana, cego de nascença, paralítico, cego de Jericó, Lázaro, pecadora, adultera, homem de mão seca, Zaqueu).
Processo até chegar ao discipulado: animado e motivado pela Palavra (CONVERSÃO)

O que é santidade? Não é moralismos baratos, sabor angelical, ritualismos de fuga, superficialidade, atitudes alienadas, postura lunática; mas é a prática da humanidade, havendo compromisso com a condição humana e cristã.
Santidade é deixar-se amar por Deus, fazer experiência amorosa para irradiar essa experiência a humanidade (convite universal).
Santidade é diferente em cada pessoa (legitimidade da diversidade) – não é forma.
Deus comunica sua santidade e nos faz participantes de sua vida divina (Configurar-se a Jesus, felicidade)
Desejo de Deus: santidade dos homens!

SANTIDADE AMADURECE E TOMA FORMA
 Alimentada pela Palavra (leitura orante)
Alimentada pela Eucaristia e pela Reconciliação (misericórdia)
Alimentada pelo outro, pessoa humana: uma das maneiras de santidade está na vida comunitária (não há santidade no isolamento).
Caminhos para santidade: prática da caridade, amor, dimensão ética apurada, compromisso com a transformação da realidade (Madre Tereza de Calcutá).
Alimentada pela vida comunitária: pertença à família divina/ Igreja (escolhidos e amados de Deus);
Alimentada pela ação do Espírito Santo.

Alimentada pela MÍSTICA:
A mística pode ser definida como sendo espiritualidade em ação, atitude que parte da experiência de fé em vista da transformação da realidade, difundindo na sociedade e na história valores cristãos.
Alguém é místico quando tem uma experiência pessoal com Jesus Cristo e age a partir dessa experiência, tendo-a como referencial de valor em suas decisões e ações.
Qual foi a mística que sustentava a Jesus na encarnação e no anúncio da palavra e o mantinha na fidelidade?
O segredo escondido da vida de Jesus era o Pai. Jesus vivia unido a Ele através da oração. É na oração que ele assimilava e encarnava a Palavra em sua vida. Jesus em sua oração, situa-se no coração de Deus.
A oração é a respiração de sua alma, a parada onde encontra seu repouso, seu segredo, sua vida profunda, a mística para agir em nome do projeto do Pai: a oração lhe é natural e impulsiona seu ministério em favor da divinização do humano, descaracterizado em seu tempo.
É na vida, no cotidiano das relações que se manifesta a espiritualidade: o dinamismo interno que impulsiona ao amor pela dignidade da pessoa, rejeitando aquilo que desfigura o outro, são evidências de uma mística capaz de sanar as “epidemias” de uma pós-modernidade cética e indiferente.

Concretizada no discipulado autêntico e no seguimento (identidade)
Concretizada na Missão: envio para pregar o amor e as maravilhas de Deus (a Boa Notícia e o Projeto do Reino de Deus);
Concretizada no Testemunho: experiência de Deus que se manifesta na vida.
Concretizada na alteridade e na gratuidade (Jo 17).
Local de santidade: realidade!!!!!! (sensibilidade ao grito dos deserdados desse mundo): Superar as dualidades (corpo x alma; profano x sagrado)

Convite a santidade; “Avancem para as águas mais profundas”. (Lc 5,4)

** Roberto Bocalete, 

sábado, 18 de agosto de 2012

QUERIGMA E CATEQUESE: ANÚNCIO DA PESSOA DE JESUS 

O nome bíblico revela a missão e a identidade:
JESUS: “Yeshuá” (aramaico): Deus (identidade)  salva (missão)
CRISTO: “cristós” (grego)/ “meshiah” (hebraico): messias (enviado), ungido (pelo Espirito para missão de rei, sacerdote e profeta), escolhido

ENCARNAÇÃO (AUTO-COMUNICAÇÃO DE DEUS)
O Verbo se fez carne: a) para salvar a humanidade; b) para reconciliar o homem e Deus; c) para que o homem tivesse acesso ao dom de Deus; d) para ser o novo modelo de santidade; e) para tornar-nos participantes da natureza divina; f) para trazer a vida em abundância, sendo o caminho, a verdade e a vida.
Jesus Cristo “rosto humano de Deus e rosto divino do homem”. “Na realidade, tão só o mistério do Verbo encarnado explica verdadeiramente o mistério do homem. Cristo, na própria revelação do mistério do Pai e de seu amor, manifesta plenamente o homem ao próprio homem e descobre sua altíssima vocação”
Diante das estruturas de morte, Jesus faz presente a vida plena. “Eu vim para dar vida aos homens e para que a tenham em abundância” (Jo 10,10). Por isso, cura os enfermos, expulsa os demônios e compromete os discípulos na promoção da dignidade humana e de relacionamentos sociais fundados na justiça.
 Jesus é o Filho de Deus, a Palavra feito carne (cf. Jo 1,14), verdadeiro Deus e verdadeiro homem, prova do amor de Deus aos homens. Sua vida é uma entrega radical de si mesmo a favor de todas as pessoas, consumada definitivamente em sua morte e ressurreição. Por ser o Cordeiro de Deus, Ele é o Salvador.
Sua paixão, morte e ressurreição possibilita a superação do pecado e a vida nova para toda a humanidade. N’Ele, o Pai se faz presente, porque quem conhece o Filho conhece o Pai (cf. Jo 14,7).
Diante de uma vida sem sentido, Jesus nos revela a vida íntima de Deus em seu mistério mais elevado, a comunhão trinitária. É tal o amor de Deus, que faz do homem, peregrino neste mundo, sua morada: “Viremos a ele e viveremos nele” (Jo 14,23).
Diante do desespero de um mundo sem Deus, que só vê na morte o final definitivo da existência, Jesus nos oferece a ressurreição e a vida eterna na qual deus será tudo em todos (cf. 1 Cor 15,28). Diante da idolatria dos bens terrenos, Jesus apresenta a vida em Deus como valor supremo: “de que vale alguém ganhar o mundo e perder a sua vida?” (Mc 8,36).
 Jesus convida o discípulo a gastar sua vida como sal da terra e luz do mundo. Diante do individualismo, Jesus convoca a viver e caminhar juntos. A vida cristã só se aprofunda e se desenvolve na comunhão fraterna. Jesus nos disse “um é seu mestre e todos vocês são irmãos” (Mt 23,8). Diante da  despersonalização, Jesus ajuda a construir identidades integradas. A própria vocação, a própria liberdade e a própria originalidade são dons de Deus para a plenitude e a serviço do mundo.
 Diante da exclusão, Jesus defende os direitos dos fracos e a vida digna de todo ser humano. De seu Mestre, o discípulo tem aprendido a lutar contra toda forma de desprezo da vida e de exploração da pessoa humana. Diante da natureza ameaçada, Jesus que conhecia o cuidado do Pai pelas criaturas que Ele alimenta e embeleza (cf Lc 12,28), convoca-nos a cuidar da terra para que ela ofereça abrigo e sustento a todos os homens (cf. Gn 1,29; 2,15)

 A EXPERIÊNCIA DO ENCONTRO PESSOAL
A experiência não se transmite normalmente de modo nocional, mas pela convivência, ou propicia-se a pessoa fazer ela mesma a experiência em questão. Quando uma experiência é importante, fundamental, afeta a totalidade e a profundidade da existência, permitindo uma interpretação da totalidade da realidade.
A experiência do encontro será esclarecida por meio de passos que clareiam o caminho, mas respeita o existencial, estando aberto à criatividade.
A admiração pela pessoa de Jesus, seu chamado e seu olhar de amor despertam uma resposta consciente e livre desde o mais íntimo do coração do discípulo, uma adesão de toda sua pessoa ao saber que Cristo o chama por seu nome (cf. Jo 10,3). É um “sim” que compromete radicalmente a liberdade do discípulo a se entregar a Jesus, Caminho, Verdade e Vida (cf. Jo 14,6). É uma resposta de amor a quem o amou primeiro “até o extremo” (cf. Jo 13,1). A resposta do discípulo amadurece neste amor de Jesus: “Te seguirei por onde quer que vás” (Lc 9,57).

PESSOA DE JESUS CHAMA A PESSOA HUMANA PARA A EXPERIÊNCIA DE ENCONTRO
Discípulos de Emaús: Lc 24, 13-34 (caminhar, ouvir, celebrar e o agir: discipulado)
Cura da hemorroíssa: Mc 5, 25-34 (o toque que liberta)
Samaritana: Jo 4, 1-25 (encontro com a fonte da vida)
Os cegos de Jericó: Mt 20, 29-34 (encontro que ilumina)
Lava-pés : Jo 13, 1-15 (humildade e o serviço)

QUE FAZ NASCER A VOCAÇÃO AO DISCIPULADO
O discípulo experimenta que a vinculação íntima com Jesus no grupo dos seus é participação da Vida saída das entranhas do Pai, é se formar para assumir seu estilo de vida e suas motivações (cf. Lc 6,40b), viver seu destino e assumir sua missão de fazer novas todas as coisas.
 Jesus faz dos discípulos seus familiares, porque compartilha com eles a mesma vida que procede do Pai e lhes pede, como discípulos, uma união íntima com Ele, obediência à Palavra do Pai, para produzir frutos de amor em abundância. 
Para ficar parecido verdadeiramente com o Mestre é necessário assumir a centralidade do Mandamento do amor, que Ele quis chamar seu e novo: “Amem-se uns aos outros, como eu os amei” (Jo 15,12). Este amor, com a medida de Jesus, com total dom de si, além de ser o diferencial de cada cristão, não pode deixar de ser a característica de sua Igreja, comunidade discípula de Cristo, cujo testemunho de caridade fraterna será o primeiro e principal anúncio, “todos reconhecerão que sois meus discípulos” (Jo 13,35).
 Bento XVI nos recorda que: “o discípulo, fundamentado assim na rocha da Palavra de Deus, sente-se motivado a levar a Boa Nova da salvação a seus irmãos. Discipulado e missão são como os dois lados de uma mesma moeda: quando o discípulo está enamorado de Cristo, não pode deixar de anunciar ao mundo que só Ele salva (cf. At 4,12).

**Roberto Bocalete, palestra ministrada para jovens crismandos!

quinta-feira, 16 de agosto de 2012


METODOLOGIA CATEQUÉTICA
As tarefas da catequese na experiência com a pessoa de Jesus

O amor de Jesus alimenta-se no cristão a conhecer, celebrar, viver e anunciar o Evangelho. A catequese, portanto, tem como tarefas próprias:
a) Propiciar o conhecimento de Jesus: para que a adesão de fé seja madura é preciso conhecimento e mergulho no mistério de salvação revelado em Jesus. Por meio da catequese o catequizando deve aprofundar, por meio da Palavra, o conhecimento de Cristo, deixando que sua luz ilumine sua vida, fortaleça sua fé e ao mesmo tempo capacite-o para o discipulado. O objetivo é a experiência amorosa e para tanto, o conteúdo deve ser apresentado em sua significação vital, para que os catequizandos conheçam Jesus com naturalidade.
b) Educar para celebração do mistério de Cristo: o contato salvífico com a vida e a pessoa de Jesus se dará por meio da celebração dos mistérios de Cristo. Para bem celebrar, os interlocutores precisam ser iniciados no ato celebrativo, ter na catequese o desbloqueio dos mistérios para que possam celebrar consciente e ativamente os mistérios, sem perder-se ou desconhecer o celebrado. Uma boa catequese mistagógica deverá manifestar os significados dos ritos, sinais, símbolos litúrgicos, facilitando o mistério celebrado. Menção especial merece a iniciação na oração e suas diversas modalidades, entendida como amizade com Cristo, encontro e relação do discípulo com seu mestre. O pai-nosso, resumo de todo o Evangelho, o próprio Jesus feito oração, é a referencia de oração cristã.
c) Iniciar no discipulado:  a união com Cristo deve tornar-se operativa, isto é, enquanto ponto de partida,  conhecemos Jesus percorrendo o seu caminho, seguindo-o, caminhamos atrás de suas pegadas. Quem é de Jesus, vive com Ele e Nele: a catequese deve ajudar o interlocutor, por meio da experiência com Jesus, a tomar consciência das conseqüências que o chamado de Cristo dispõe em sua vida, rompendo com o mal e aderindo ao bem.
d) Incorporar na Igreja e na ação evangelizadora: ninguém permanece unido a Cristo se não estiver incorporado ao seu corpo místico, a Igreja. A igreja é o sacramento da presença de Cristo e participação da comunhão trinitária. A catequese que inicia na adesão madura a Jesus, vincula-se a Igreja e a missão que ela realiza.

*Roberto Bocalete

segunda-feira, 13 de agosto de 2012


CATEQUESE E SACRAMENTOS
MINISTÉRIO CURATIVO DE JESUS

Os sacramentos do Novo Testamento são entendidos como ato pessoal do próprio Jesus, ou como ação salvífica que brota do Pai e se visualiza em sua relação com o humano. É nas ações de Jesus que encontramos fundamentação antropológica e teológica dos sacramentos cristãos.  O ser humano enquanto realidade corpóreo-espiritual, é mistério que se revela por meio das possibilidades implicadas para corporeidade. Se olharmos os Evangelhos, poderemos observar que a ação curativa de Jesus é um dos seus mistérios mais importantes. Não resta dúvida que o Senhor exerceu com plena consciência um ministério de cura que é origem dos sacramentos. Não há dúvida que no ministério curativo de Jesus dão-se os elementos suficientes para dizer que Jesus institui sacramentos autênticos de Cura.
Podemos dizer que o ser humano é ser sacramental porque expressa sua realidade última em ações simbólicas, nas quais manifestam sua realidade pessoal e transcendental. Tal experiência não cai no vazio ou mera subjetividade; encontra sua resposta objetiva na pessoa e no ministério de Jesus, no maior originário de sua missão, porque Deus o ungiu e o encheu de poder para fazer o bem e curar os oprimidos.
Jesus com sua vida e suas ações salvíficas, provoca encontros da ação amorosa do Pai com o ser humano: Jesus é instrumento da ação redentora. Graças a corporalidade de Jesus podemos entender sacramentalmente Deus como aquele que cura e salva os enfermos, marginalizados e pecadores. Em Cristo, acha-se presente a história da graça salvífica de Deus, na qual os gestos e sinais de Jesus são sinal e causa de graça santificante. O objeto do ministério curativo de Jesus é sentir a ação amorosa de Deus em nós: sermos amados por Jesus é sermos amados por Deus, sermos perdoados por Deus é renascer como filhos à filiação divina. A cura que Jesus oferece supõe uma ação de recuperação da vida perdida, o crescimento positivo das pessoas, a libertação do pecado social e suas consequências sociais, o perdão e a paz e a esperança clara da vitória sobre as forças do mal.
Jesus é o grande sacramento de Deus para o homem e do homem para Deus, por isso sua sacramentalidade é sanante, revelando-nos Deus como amigo da vida e sanador do ser humano. Jesus cura apelando à fé humana, diante de cuja resposta positiva não há mal que se detenha, já que ele, em sua condição de enviado do Pai, tem o poder sobre a vida e a morte. Esta perspectiva serve de fonte de inspiração para o futuro, no qual o ministério curativo de Jesus é dado a seus discipulos, e entre as ações próprias do anúncio do Evangelho figuram as que se referem a este ministério de cura que Jesus exerceu (Mt 10,1-8).
Essa atividade curativa é que caracteriza de maneira clara a missão de Jesus como enciado do Pai, na qual se revela plenamente que tipo de liberdade que Deus oferece aos humanos (Mt 12,28). A cura que Jesus oferece é ação integral da pessoa que revela a forma na qual temos de viver a salvação de Deus, como resposta à nossa fragilidade. Daqui entendemos que a conversão ao Deus vivo suscita uma realidade pessoal nova que nos permite crescer em vida madura e harmômica em todos os níveis. Converter-se ao evangelho e viver os valores que encarna Jesus Cristo, é por-se em caminho para a cura autêntica que conduz à maturidade da pessoa.
Com o mestre, a Igreja verá em tais sinais a força da fé no poder de Deus e o poder de seu amor misericordioso que sana radicalmente o humano de todos os males. Os sacramentos que brotam do ministério saneador de Jesus tornam sacramentalmente visível o nascer do novo (Jo 3,3), que implica a libertação do pecado, de falsas culpabilidades, abrindo-nos a elevação de todo o nosso ser, a fim de podermos ser o manancial do qual brota a vida verdadeira (Jo 4,14; 14,6). Não resta dúvida de que a força saneadora que saía de Jesus era o amor, que é expresso de muitas maneiras, na forma de agir de Jesus, em seus ensinamentos e nas parábolas. O amor sana e a forma que Jesus teve de existir e relacionar-se com as pessoas foi o amor, que realmente cura o ser humano.
A ação evangelizadora e sacramental da Igreja, à semelhança da de Jesus, é acompanhada de sinais sacramentais entre os quais figura a cura (At 2,43); e entre os carismas que o Senhor confere aos fieis em vista da edificação da comunidade, aparece o de curar. Um dos conteúdos essenciais do anúncio da chegada do Reino, que os discípulos farão, é a ação curativa do evangelho (Lc 10,8-9): estar no meio do mundo, curar o que há enfermo, e daí anunciar que este é sianl de queo Reino está se realizando.
Ao estruturar a presença sacramental de Cristo na comunidade, a Igreja não esqueceu que a verdade de sua presença no mundo passa pelos sinais de cura que vai realizando na e celebrando nos sinais dos sacramento de cura. Dessa forma, a igreja será testemunha verdadeira daquele que é fonte de vida e salvação, enviando-nos a anunciar o Reino de Deus e sanar o humano de todo o mal e sofrimento.


** Roberto Bocalete, Especialista em Pedagogia catequética

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

BÍBLIA E CATEQUESE
A AUTORIDADE DA BÍBLIA

O cristianismo não pode ser considerado como religião do livro, mas da Revelação.  Nossa fé não está na Bíblia (como conjunto de escritos), mas naquele a quem a Bíblia se refere: Deus. A Revelação não se deu em um só instante nem de forma escrita, mas ao longo da história, a pessoas concretas e através de acontecimentos vividos que foram compreendidos como reveladores por essas pessoas de fé, as quais interpretam como tais. A fé existiu antes que se escrevesse uma só linha; a fé brotou das manifestações de Deus neste mundo. A Bíblia não tem autoridade em si e nem por si mesma, mas em relação a Deus.
A autoridade da Bíblia não radica nos acontecimentos mesmos que ali são relatados; tampouco está nas palavras e discursos ali escritos, mas no fato de que o escrito remete a alguém que está na sua origem: Deus revelador e inspirador.
A Bíblia é um conjunto de textos que são testemunhos de vivências que foram interpretadas como reveladoras de Deus; o que encontramos na Bíblia não são os acontecimentos ou vivências mesmas (pertencentes ao passado), mas testemunhos deles, compreendidos e interpretados (por inspiração divina) como manifestações da presença de Deus orientadora na história, escritos bem posterior ao fato, elaborado por diversas reinterpretações. O que é narrado tem o peso autoritário daquele que nos remete: Deus.
Pode-se afirmar a partir daí que a Bíblia é autoridade ultima e suprema em matéria teológica? Para os fundamentalistas sim, mas para os que interpretam a Bíblia levando em consideração as orientações da Igreja, sabe que ela, como qualquer outro texto, não tem autoridade última e suprema. A Bíblia é limitada e condicionada por diversos fatores (do tempo de sua composição), nela encontram-se diversos erros científicos e históricos.
A Bíblia não é um manual de respostas aos problemas e de respostas válidas para todos os tempos. Muitos de seus textos precisam de novas respostas como também, ainda é possível ser transposto no presente, por responderem problemas sobre o sentido e o fundamento da existência humana.
Embora a autoridade da Bíblia não possa ser demonstrada objetivamente, um indício dela é o impacto e a eficácia que ela teve na vida de muitas pessoas ao longo dos séculos. A Bíblia mostra sua autoridade em sua capacidade de questionar seriamente as pessoas, de ser para elas uma instância crítica que toca as fibras de suas vidas. Critica a arrogância e o egoísmo que se expressam de múltiplas maneiras. Critica os abusos no âmbito social, político e religioso. Critica a tendência em querer manipular a Deus e, até, a fabricar deuses como escolha de escravidão. Critica a hipocrisia e a superficialidade, a autosuficiência e a soberba... em nome de Deus e com vistas ao bem estar e à felicidade das pessoas.
   Em síntese, a autoridade da Bíblia não reside nos escritos como tais, mas na autoridade de quem se revelou e continua se revelando, de quem inspirou e continua inspirando: Deus. Os escritos da Bíblia, que são um conjunto muito rico e variado de testemunhos de fé vivida, são mediações que nos remetem a Deus. A autoridade da Bíblia continua eficaz, porque mostra o caminho da relação de fé entre Deus e o homem, o caminho de nossa salvação – felicidade e realização em plenitude. Sua autoridade se manifesta em seu poder de dar forma à nossa realidade, de transformá-la e conduzi-la pelo caminho traçado por Deus.

AUTORIDADE:
Deus é fonte da Revelação e da Interpretação
A fé está na pessoa (Deus) a quem se refere e não no escrito
Por detrás da Bíblia há valores humanos (estilo, língua, linguagem, ideologias humanas, contexto, interpretações)
Autoridade da Bíblia está no fato de ser testemunho de fé fundante

** Roberto Bocalete, fonte de pesquisa "A Bíblia sem mitos" de Eduardo Arens

terça-feira, 7 de agosto de 2012


MOMENTO DE ESPIRITUALIDADE
Momento de oração Jo 15,1-8: Discipulado hoje

1° Passo: Escolha o ambiente e coloque-se de modo confortável para oração
2° Passo: Invoque o Espírito Santo (acalme-se, respire paz. Pode-se cantar interiormente nesse momento: Deixa a luz do céu entrar, deixa a luz do céu entrar, que eu abra bem as portas do meu coração e deixe a luz do céu entrar
3° Passo: Ler: conhecer, situar e respeitar: leia algumas vezes, observe palavras e notas de rodapé, quem são os personagens e o que fazem, qual o problema presente no texto e a solução, qual o sentido de cada frase. Porque Jesus se apresenta como a videira e o Pai o agricultor? Quais os ramos cortados? Por, que foram cortados? Quais seriam os frutos produzidos pelos ramos que são ligados as árvores? Qual o significado de permanecer unido à videira que Jesus afirma ser ele mesmo? O que seria permanecer no amor? Qual a relação desse texto com o discipulado?

REFLETIR:
      Seguir Jesus e ser discípulo são duas expressões usadas para designar a totalidade e a abrangência da vida cristã, que se caracteriza pela relação do cristão com Deus Pai, por meio de Jesus Cristo, na força do seu Espírito. Seguimento e discipulado se entrelaçam reciprocamente e se fundem num horizonte comum, ambos identificados pela ação de caminhar ou seguir, sendo, em geral, usados indistintamente e como sinônimos.
      O termo discipulado designa a dinâmica processual e transformadora que abarca todas as dimensões da realidade humana e todo o arco da existência, com o objetivo de assimilar os ensinamentos de Jesus e tornar-se semelhante a ele, dando continuidade seu projeto. O discipulado expressa a relação vital entre a pessoa do discípulo e o mestre Jesus.
      A relação mestre-discípulo não se limita ao fato de ensinar e aprender uma doutrina, mas é uma comunhão vital com Jesus e se traduz na obediência incondicional à sua palavra. Os seguidores de Jesus participam de sua vida, de suas atividades, particularmente do anúncio do Reino. Mas, eles dependem plenamente de Jesus e agem em comunhão com ele. Sem a relação-comunhão vital com Jesus, a pregação da boa-nova do Reino perde toda sua força de transformação.

4° Passo: Meditação: dialogar, atualizar :O que esse texto tem a me dizer hoje? Que versículo mais me chamou minha atenção? Como tenho permanecido em Jesus? Como tenho dado vida ao meu discipulado? Tenho permitido que Deus, como agricultor, corte os galhos secos de minha vida espiritual?
5° Passo: Oração: suplicar, louvar, recitar (momento de dialogar com Deus) A pergunta chave é: O que a leitura e meditação me fazem dizer a Deus? como respondo ao que meditei?
Para este momento, como discípulo, rezar o Salmo 62: A minha alma tem sede de Deus.
 6°Passo: Contemplação: ver, saborear, agir (sentir a presença silenciosa de Deus, neste momento não se diz mais nenhuma palavra, falamos apenas com os olhos e o coração).
A que conversão Deus me convida com esse texto? Qual o novo olhar que tenho a partir de agora?
7° Passo: Assuma um compromisso de vida (O que esse texto sugere para minha vida diária? Anotar no espaço abaixo)
8° Passo: Encerre com uma oração (intimidade da despedida)

** Roberto Bocalete

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

SAGRADA ESCRITURA

Você conhece a Bíblia?
Conhecer a bíblia é questão de compreensão: compreender o que se lê.
A bíblia é um conjunto de testemunhos vividos, não de informações; conhecer a bíblia é entrar em seu mundo, é saber como e porque se relatou aquilo que se escreveu, é vibrar com seus autores.
Os escritos da bíblia datam de pelo menos 1900 anos e foram redigidos, a maioria, no Oriente Médio, com tudo o que isso implica.
Só se começará a conhecer e a compreender a bíblia quando se estiver familiarizado com sua origem e com sua formação, quando se souber por que foram escritos os diferentes livros, e algo do mundo daqueles para os quais foram escritos diretamente, sua cultura e circunstancias.
Para se conhecer e compreender a Bíblia, deve-se possuir um mínimo de informações sobre ela: os escritos foram compostos por pessoas concretas; sua composição vai do século X a.C.  ao século I d.C.; a mentalidade de seus compositores é típica do Oriente Médio; muitos escritos foram compostos muitas décadas, alguns até séculos, depois que sucederam o acontecimento narrado; os escritos bíblicos não foram escritos pensando em nós, mas em destinatários bem concretos.

Por onde começar?
A bíblia contém muitos livros que são escritos independentes um do outro.
Na dimensão humana, a bíblia é inegavelmente uma literatura, religiosa, mas literatura.
Assumir a bíblia proveniente de inspiração divina pressupõe assumir uma atitude de fé.

É necessário estudar a bíblia?
 O estudo informará e ilustrará, salvará de possíveis erros.
Estudo histórico crítico: origem literária, histórica e circunstancial, dos condicionamentos culturais e sociais daquele momento, daquilo que o texto significa.
Para compreensão correta da bíblia é preciso considerar que se trata de um conjunto de escritos que se originaram e foram compostos há muitos séculos e em um ambiente cultural muito diferente do nosso.
Para compreender e interpretar a bíblia é necessário um mínimo estudo a respeito dela; obter informações necessárias para a compreensão.
Não é necessário o estudo da bíblia se for lida como veículo de comunhão com deus, para a meditação e para a oração em qualquer de suas formas. Nesse contexto não se analisa, mas se deixa guiar e conduzir pela bíblia.

Importância da Bíblia !
A bíblia é importante para os crêem, não somente porque ela é citada com frequência, mas nela se encontra os fundamentos e as razões da fé.
É mediante a leitura da bíblia que Deus nos questiona e nos convida a confiar-nos a ele, e é na bíblia que encontramos expressa a vontade salvífica de Deus e a orientação de que necessitamos para a felicidade.
É do verdadeiro Deus que se fala na Bíblia. Nele os profetas e Jesus puseram sua fé e com ele entraram em íntima comunhão, um Deus que se vem manifestando na própria história humana.
Para conhecer as particularidades de Jesus Cristo (ser discípulo), é necessário conhecer o A.T., que era a bíblia de Jesus e seus discípulos.

O que é a Bíblia?
A palavra bíblia é grega e significa livros, escritos, documentos (plural) – é conjunto de escritos e não somente um.
Na antiguidade, os diferentes livros que agora constituem nossa bíblia erma rolos ou papiros independentes uns dos outros.
Os diferentes escritos foram compostos em diferentes tempos e por diferentes pessoas.
Os livros da bíblia  não são do mesmo gênero literário: alguns são história, outros são profecias, outros são lírica, outros cartas.
Deus não ditou a bíblia, mas ela foi composta por pessoas com uma cultura, mentalidade, interesse, educação, e que viviam em uma situação determinada, que estavam em estreita comunhão com Deus.
Bíblia é palavra de Deus (tomada dos profetas) e palavra dos homens (participantes).
Conteúdo: a bíblia é um conjunto de escritos que são o produto e o testemunho da vida de um povo (Israel – AT) e de uma comunidade (cristianismo – NT) em diálogo com Deus.

**Roberto Bocalete

sábado, 4 de agosto de 2012


A Comunidade catequizadora, caminho para o discipulado

O ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus que é Trindade, não pode viver só. É o egoísmo que o leva a isolar-se em lugar de viver em comunhão, para a qual foi feito. Jesus colocou-se neste mundo como o maior sinal de comunhão com todas as criaturas e a todos convidou a viver em comunhão com o Pai, espelhando-se nele, “assim como eu estou no Pai e o Pai em mim”; “eu e o Pai somos um”.  Em sua despedida, transmitiu aos Apóstolos a missão de anunciar a boa nova da salvação a todos os povos, tornando-os discípulos e batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os o observar tudo o que Ele ensinou.
Com a força do Espírito Santo, a partir de Pentecostes, os apóstolos continuaram a missão de Cristo de congregar a todos na unidade da fé e do amor, formando comunidades fraternas. No testemunho das primeiras comunidades ficou registrado o testemunho de que quanto mais aumentavam o amor fraterno entre os irmãos, em comunidades, tanto mais firmava-se a Igreja. Os que iam fazendo a experiência do alegre e transformador encontro com Cristo contagiavam outros a fazê-la também, assumindo o espírito fraterno que nele se estabelecia.
Pelo testemunho e pelo anúncio do Evangelho, a comunidade cristã suscita novos discípulos de Cristo. Pelo batismo, insere-os na vida eclesial e torna-os seus membros. Em seu zelo pastoral, deve oferecer-lhes os necessários e oportunos meios de aprofundamento na vida nova assumida. Ela não só deve gerar, mas também formar os novos membros. Para isto, precisa manter, com ardor sempre renovado, metodologia adequada e linguagem atualizada, a catequese permanente, a formação bíblica, a iniciação e a celebração litúrgica, a devoção mariana, a piedade popular, o acompanhamento às famílias e tudo mais que o Espírito lhe suscitar e a realidade exigir.
Por outro lado, todo membro de comunidade cristã deve participar intensamente de suas atividades, assumindo serviços comunitários e ministérios conforme os dons que Deus lhe concede. Particular atenção dará à celebração litúrgica dominical, especialmente a Eucaristia. Esta participação litúrgica é indispensável para todo batizado ser um discípulo missionário maduro (DAp 252).
Assumindo com alegria e gratidão a graça da vida nova em Cristo, todo discípulo fará da comunidade cristã na qual foi inserido sua segunda família. Quanto mais dela participar, mais profundos e fortes se tornarão os laços que o unem a ela. Por sua vez, toda comunidade cristã se renovará constantemente em Cristo, a fim de ser para todos os seus membros, “casa e escola de comunhão”, na qual se exercitam para relações solidárias e fraternas na sociedade competitiva e desigual em que vivem. É a grande meta da catequese que forma para o discipulado que tem um caráter processual capaz de fortalecer os vínculos dos catequizandos na sua comunidade de origem.
 
Os desafios do contexto familiar na educação da fé
A realidade atual, marcada por contrastes e mudanças rápidas, modismos, crises de valores e de paradigmas, atinge diretamente a estrutura familiar. As crianças, adolescentes e jovens, neste contexto são os mais vulneráveis. A Igreja doméstica de outrora, em certos ambientes familiares, se perdeu. Os pais estão, em sua maioria, perplexos diante do contexto atual e sem saber como agir frente aos desafios de educar seus filhos e principalmente no tocante a educação da fé. Por isso, “a Igreja os prioriza como um importante desafio para o presente e o futuro” (DNC 187).
Durante um longo período na história, a Igreja investia suas maiores e melhores forças na preparação de crianças e sempre em vista da recepção dos sacramentos, seja da eucaristia, seja da crisma, e, isso, com um cunho meramente doutrinal. Hoje, impõe-se um novo modo de fazer catequese, que leve em conta a colaboração e a participação efetiva dos pais. É urgente uma catequese que envolva toda a família.
Diante dos desafios da realidade cotidiana em que a família está embrenhada, faz-se necessário uma catequese que atinja primeiramente os pais. Ensina-nos o DNC “Não se pode imaginar uma catequese com jovens, adolescentes e crianças sem um trabalho específico com os pais”. O testemunho cristão familiar é insubstituível, pelo exemplo, sensibilização e pratica da fé. Mas para chegar a isso, devemos fazer um longo caminho, enquanto isso, o catequista tem uma tarefa ainda mais delicada e urgente, a ser desenvolvida com muito carinho, sensibilidade, dedicação e persistência.
Os familiares devem ser a prioridade no fazer catequético da Igreja de nossos dias, pois, é no seio da família que brota a disponibilidade e a educação para a vivência da religiosidade. “De fato, a catequese familiar precede, acompanha e enriquece todas as outras formas de catequese”. É na vida cotidiana da família que os pais, por seu dever que deriva do compromisso cristão e humano de educar para os valores do Evangelho, conduzem “até o ponto em que a própria vida de família se torna itinerário de fé e escola de vida cristã. À medida que os filhos crescem, também o intercâmbio se faz recíproco e, num diálogo catequético deste tipo, cada um recebe e dá alguma coisa” (DGC, n.227).
No contexto atual, o catequista deve prestar muita atenção às famílias, envolvendo-as, cada vez mais, no compromisso catequético e de construção comunitária. A comunidade precisa responsabilizar-se pela tarefa educativa da fé das novas gerações para fortificar-se a si mesma e para que, permanentemente, ela seja renovada e dinamizada; e envolver as famílias para tal é parte inerente da missão do catequista, pois em seu ministério deve ter consciência de ser o elo entre todos os pólos da comunidade cristã.

**Roberto Bocalete.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012


MOMENTO DE ESPIRITUALIDADE
Oração pessoal com Jo 3,1-8: Mística para o seguimento

1° Passo: Escolha o ambiente e coloque-se de modo confortável para oração
2° Passo: Invoque o Espírito Santo (acalme-se, respire paz. Pode-se cantar interiormente nesse momento: Oh luz do Senhor, que vem sobre a terra, inunda meu ser, permanece em mim)
3° Passo: Ler: conhecer, situar e respeitar: leia algumas vezes, observe palavras e notas de rodapé, quem são os personagens e o que fazem, qual o problema presente no texto e a solução, qual o sentido de cada frase. O que foi narrado? No diálogo há a expressão “nascer de novo” ou “nascer do alto”; o que seria isso? Então, como entender o que é nascer da água e do Espírito?
4° Passo: Meditação: dialogar, atualizar :O que esse texto tem a me dizer hoje? Que versículo mais me chamou minha atenção? Como fazer experiência de fé de modo consciente e experiencial? Em meu encontro com Jesus tenho buscado maneiras de amadurecer na fé? Tenho nascido de novo em minha caminhada de discípulo? Como é que o Espírito conduz a minha vida?
5° Passo: Oração: suplicar, louvar, recitar (momento de dialogar com Deus) A pergunta chave é: O que a leitura e meditação me fazem dizer a Deus? Como respondo ao que meditei? Rezar a canção abaixo, se souber, depois pode cantá-la também!:

Como posso não seguir?
Gustavo Balbinot / Jorge Trevisol
 Esse amor que a gente tem
Que nos faz gostar de alguém
No desejo de viver e ser feliz
Despertou no coração
Já bem antes de nascer
É uma luz que nunca mais vou esquecer

Se eu quisesse não ouvir
E até mesmo me esconder
Ele vai me procurar lá onde estou
Tenho medo de sentir
Eu conheço seu calor
É uma força que não dá pra resistir

Como posso não sorrir, se Deus me ama?
Como posso não seguir, se ele me chama?
Ele é tudo o que eu sou!
Ele é a força do amor!

Essa estrada eu bem sei
Não comporta a solidão
Tenho amigos que comigo
Também vão
Nosso jeito de falar
De amar e de servir
É o jeito de Jesus que faz feliz

6°Passo: Contemplação: ver, saborear, agir (sentir a presença silenciosa de Deus, neste momento não se diz mais nenhuma palavra, falamos apenas com os olhos e o coração). A que conversão Deus me convida com esse texto? Qual o novo olhar que tenho a partir de agora?
7° Passo: Assuma um compromisso de vida (O que esse texto sugere para minha vida diária?)
8° Passo: Encerre com uma oração (intimidade da despedida)