Ola catequistas! Vamos vivenciar com profundidade, neste Ano da Fé, o tempo quaresmal. Preparar-se para a páscoa, é abrir-se à conversão, à vida nova, ao projeto do Reino de Deus! Uma santa quaresma a todos! Para iluminar esse tempo de sobriedade e silêncio, o texto do Sergio Valle é um precioso instrumento! Abraços
TEMPO DA QUARESMA
(Sérgio Valle)
Iniciamos mais uma Quaresma. Tempo que a Igreja propõe para
rever a caminhada da vida cristã, no discipulado. Quase sempre somos tentados a
caracterizar a Quaresma unicamente como tempo de penitência, esquecendo-nos que
a penitência é um “método”, um meio para atingirmos o que realmente desejamos
para nossas vidas. O vocabulário popular confunde penitência com sofrimento,
com dor, com tristeza, com privação voluntária ou involuntária. Para a mística
cristã, a penitência é um “exercício” ou, se quisermos, um treinamento com a
finalidade de dominar-se a si mesmo diante daquilo que pode desequilibrar ou
afastar de Deus. A penitência tem suas exigências, sofrimentos e privações e,
como todo “treinamento”, exige esforço que pode ter a marca do sofrimento, mas
nunca do sofrimento pelo sofrimento. No entanto, a finalidade da penitência não
leva ao sofrimento, mas ao domínio de si no fortalecimento espiritual que
conduz a Deus.
O
início desse esforço vem do convite divino, presente na profecia de Joel (1ª leitura da quarta-feira de cinzas):
“voltai para mim com todo vosso coração com jejuns, lágrimas e gemidos". Olhando literalmente, compreende-se um esforço feito de
sofrimento (jejuns, lágrimas e gemidos). Na realidade trata-se da ascese para
dobrar a vontade humana e se dispor à vontade divina. A penitência
consiste no esforço para ter um coração puro, digno da pureza e santidade
divina; é o esforço para se ter um espírito decidido, orientado unicamente para
Deus. Pois bem, a Quaresma é um tempo de penitência,
entendido como um tempo favorável para se fazer um esforço maior em vista do
dia da Salvação. Não a penitência de privar-se de algo por
privar-se, mas penitência no sentido de ascese, de treinamento, de exercícios
para que a vontade divina aconteça em nossas vidas.
A tendência humanamente natural é fazer as coisas para ser
valorizado pelos outros. Nesse nosso tempo histórico, a fama é um valor buscado
por milhões de pessoas e, não desejar o seu “minuto da fama” pode ser avaliado
como auto-estima baixa. Jesus ensina a fazer a penitência, a fazer o esforço de
dar esmola (fazer caridade) não pela necessidade pessoal de aparecer, mas pela
necessidade presente na vida do outro. Dar esmola, em resumo, não com o olhos
voltados para a platéia, mas para a necessidade de quem está precisando de
minha ajuda. Essa é uma grande penitência.
Outra postura interessante na quaresma é a de voltar-se para o silêncio; a importância de rezar em
silêncio. No
contexto da penitência, a oração silenciosa e escondida entra na ascese de
silenciar para ouvir Deus. É uma grande penitência aprender a ficar em silêncio
para ouvir Deus e não ouvir-se a si mesmo ou ficar remoendo mágoas ou fazendo
planos em nossos silêncios orantes. Trata-se da penitência, do esforço, da
ascese de buscar a intimidade silenciosa de Deus, não colocando-se a si mesmo
no centro da oração, mas silenciando diante de Deus para ouvi-lo.
Por
fim, destaca-se o ensinamento do jejum: o
domínio do próprio corpo e das necessidades básicas, como comer e beber. Também esse esforço, ensina Jesus, deve ser discreto,
a ponto de nem mesmo algum cheiro possa denotar que se está jejuando; de onde a
orientação de se perfumar. Isso porque, o jejum é a grande
penitência, é o grande exercício, o grande treinamento para controlar a própria
vontade. Não é a dieta em vista de um corpo mais bonito ou por questões de
saúde, pois a finalidade do jejum está em dominar-se a si mesmo, para que a
vontade divina possa superar a vontade humana.
Em
conclusão, toda a dedicação quaresmal da penitência nada mais é que um grande
esforço, um grande exercício espiritual para se aproximar de Deus, para se
aproximar do outro como irmão, para se aproximar de si mesmo e manter a graça
de jamais perder o espírito de Deus na vida pessoal.
CAMPANHA DA FRATERNIDADE
A Igreja nos conduz à Quaresma com o seu convite para mudar
de vida, mudar o coração através da penitência. “Fazei penitência, mudai o
coração” é a grande proposta da Quaresma. Nesse ano de 2013, a Quaresma
acontece dentro do contexto do “Ano da Fé”, o que significa converter-se para
aprofundar ainda mais a fé, para que a fé deixe de ser uma simples crença e se
torne um modo de viver, um jeito de pensar, se transforme em mentalidade.
Entre
nós, a Quaresma é também marcada pela Campanha da Fraternidade, nesse ano
dedicada à Juventude, com o lema: “Eis-me aqui, envia-me”. Nessa ótica, a
conversão incentiva a mudar a perspectiva cristã da passividade para a dinâmica
da missionariedade; de não sermos cristãos passivos, que esquentam bancos de
igrejas (para falar em português bem claro), mas missionários, que testemunhem
a fé cristã e o Evangelho em todas as partes. O desafio é dirigida
particularmente aos jovens, em vista da Jornada Mundial da Juventude que
acontecerá no Rio de Janeiro. Claro que um programa desse tipo exige esforço
ou, na linguagem quaresmal, exige penitência.
O cartaz escolhido para a Campanha da Fraternidade de 2013,
que tem como tema “Fraternidade e Juventude”, e como lema “Eis-me aqui,
envia-me!” coloca em evidência a jovialidade e a alegria. O “Eis-me aqui,
envia-me!” é a voz forte do jovem que, repleto de sonhos e com grande
auto-estima, se coloca à disposição para ajudar a todos nós a navegarmos em
águas profundas fazendo da vida um constante convite para atrair outros jovens para Jesus Cristo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário