quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Ola catequistas! Vamos vivenciar com profundidade, neste Ano da Fé, o tempo quaresmal. Preparar-se para a páscoa, é abrir-se à conversão, à vida nova, ao projeto do Reino de Deus! Uma santa quaresma a todos! Para iluminar esse tempo de sobriedade e silêncio, o texto do Sergio Valle é um precioso instrumento! Abraços

TEMPO DA QUARESMA
(Sérgio Valle)

Iniciamos mais uma Quaresma. Tempo que a Igreja propõe para rever a caminhada da vida cristã, no discipulado. Quase sempre somos tentados a caracterizar a Quaresma unicamente como tempo de penitência, esquecendo-nos que a penitência é um “método”, um meio para atingirmos o que realmente desejamos para nossas vidas. O vocabulário popular confunde penitência com sofrimento, com dor, com tristeza, com privação voluntária ou involuntária. Para a mística cristã, a penitência é um “exercício” ou, se quisermos, um treinamento com a finalidade de dominar-se a si mesmo diante daquilo que pode desequilibrar ou afastar de Deus. A penitência tem suas exigências, sofrimentos e privações e, como todo “treinamento”, exige esforço que pode ter a marca do sofrimento, mas nunca do sofrimento pelo sofrimento. No entanto, a finalidade da penitência não leva ao sofrimento, mas ao domínio de si no fortalecimento espiritual que conduz a Deus.

O início desse esforço vem do convite divino, presente na profecia de Joel (1ª leitura da quarta-feira de cinzas): “voltai para mim com todo vosso coração com jejuns, lágrimas e gemidos". Olhando literalmente, compreende-se um esforço feito de sofrimento (jejuns, lágrimas e gemidos). Na realidade trata-se da ascese para dobrar a vontade humana e se dispor à vontade divina. A penitência consiste no esforço para ter um coração puro, digno da pureza e santidade divina; é o esforço para se ter um espírito decidido, orientado unicamente para Deus. Pois bem, a Quaresma é um tempo de penitência, entendido como um tempo favorável para se fazer um esforço maior em vista do dia da Salvação. Não a penitência de privar-se de algo por privar-se, mas penitência no sentido de ascese, de treinamento, de exercícios para que a vontade divina aconteça em nossas vidas.

A tendência humanamente natural é fazer as coisas para ser valorizado pelos outros. Nesse nosso tempo histórico, a fama é um valor buscado por milhões de pessoas e, não desejar o seu “minuto da fama” pode ser avaliado como auto-estima baixa. Jesus ensina a fazer a penitência, a fazer o esforço de dar esmola (fazer caridade) não pela necessidade pessoal de aparecer, mas pela necessidade presente na vida do outro. Dar esmola, em resumo, não com o olhos voltados para a platéia, mas para a necessidade de quem está precisando de minha ajuda. Essa é uma grande penitência.

Outra postura interessante na quaresma é a de voltar-se para o silêncio; a importância de rezar em silêncio. No contexto da penitência, a oração silenciosa e escondida entra na ascese de silenciar para ouvir Deus. É uma grande penitência aprender a ficar em silêncio para ouvir Deus e não ouvir-se a si mesmo ou ficar remoendo mágoas ou fazendo planos em nossos silêncios orantes. Trata-se da penitência, do esforço, da ascese de buscar a intimidade silenciosa de Deus, não colocando-se a si mesmo no centro da oração, mas silenciando diante de Deus para ouvi-lo.

Por fim, destaca-se o ensinamento do jejum: o domínio do próprio corpo e das necessidades básicas, como comer e beber. Também esse esforço, ensina Jesus, deve ser discreto, a ponto de nem mesmo algum cheiro possa denotar que se está jejuando; de onde a orientação de se perfumar. Isso porque, o jejum é a grande penitência, é o grande exercício, o grande treinamento para controlar a própria vontade. Não é a dieta em vista de um corpo mais bonito ou por questões de saúde, pois a finalidade do jejum está em dominar-se a si mesmo, para que a vontade divina possa superar a vontade humana.

Em conclusão, toda a dedicação quaresmal da penitência nada mais é que um grande esforço, um grande exercício espiritual para se aproximar de Deus, para se aproximar do outro como irmão, para se aproximar de si mesmo e manter a graça de jamais perder o espírito de Deus na vida pessoal.

CAMPANHA DA FRATERNIDADE

A Igreja nos conduz à Quaresma com o seu convite para mudar de vida, mudar o coração através da penitência. “Fazei penitência, mudai o coração” é a grande proposta da Quaresma. Nesse ano de 2013, a Quaresma acontece dentro do contexto do “Ano da Fé”, o que significa converter-se para aprofundar ainda mais a fé, para que a fé deixe de ser uma simples crença e se torne um modo de viver, um jeito de pensar, se transforme em mentalidade.

 Entre nós, a Quaresma é também marcada pela Campanha da Fraternidade, nesse ano dedicada à Juventude, com o lema: “Eis-me aqui, envia-me”. Nessa ótica, a conversão incentiva a mudar a perspectiva cristã da passividade para a dinâmica da missionariedade; de não sermos cristãos passivos, que esquentam bancos de igrejas (para falar em português bem claro), mas missionários, que testemunhem a fé cristã e o Evangelho em todas as partes. O desafio é dirigida particularmente aos jovens, em vista da Jornada Mundial da Juventude que acontecerá no Rio de Janeiro. Claro que um programa desse tipo exige esforço ou, na linguagem quaresmal, exige penitência. 

O cartaz escolhido para a Campanha da Fraternidade de 2013, que tem como tema “Fraternidade e Juventude”, e como lema “Eis-me aqui, envia-me!” coloca em evidência a jovialidade e a alegria. O “Eis-me aqui, envia-me!” é a voz forte do jovem que, repleto de sonhos e com grande auto-estima, se coloca à disposição para ajudar a todos nós a navegarmos em águas profundas fazendo da vida um constante convite para atrair outros jovens para Jesus Cristo.



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