sábado, 1 de junho de 2013

 “E A PALAVRA SE FEZ CARNE E HABITOU ENTRE NÓS”

Em Jesus Cristo, Deus nos revelou de maneira clara e direta aquilo que ele é. Descobrimos na encarnação que não é preciso ter medo de Deus, porque “feito carne” se aproxima de nós no sorriso de uma criança. Descobrimos que Deus não se interessa em primeiro lugar pelo poder e não faz questão alguma de ser venerado como poderoso dos exércitos. Na fragilidade humana de uma criança, no seu desamparo e na necessidade em ser amado, Deus habita entre nós.

Deus deixa de lado as atitudes de poder e de prestígio para compreendermos que seu caminho é o da ternura e do amor: Ele se entrega a nós e se põe em nossas mãos! Para que possa ser amado em vez de temido. Deus escolhe para sua encarnação os caminhos humildes da natureza humana. Deus não está interessado em nos intimidar, já que um bebê não causa medo, ainda mais sendo de um casal simples e sem importância para os olhos do mundo. Deus não quer que o temamos, mas o amemos e é por causa desse seu desejo que se revela a nós como criança indefesa, para ser amado de coração aberto, encontrando amparo em nossos braços e em nossos corações... na manjedoura o desafio é o amor.

Com a encarnação entendemos que o Deus-humilde não se tornou simplesmente homem, mas ele se identificou com cada ser humano de tal maneira que os acolhe e chama de irmãos. Por isso, o que fazemos a qualquer pessoa, é a Ele que estamos fazendo. A encarnação nos impulsiona a sermos colaboradores da justiça, do amor e da solidariedade, transformando as inúmeras situações e estruturas, nas quais os seres humanos encontram-se pisados, excluídos, afligidos e desprezados.

De onde é Jesus? Essa é a pergunta inicial:
EVANGELHO DE JOÃO 1, 1-18   

Para responder a pergunta “De onde é Jesus?”, o evangelho de Mateus elabora sua genealogia (1,1-17) no início dos escritos. Podemos destacar os nomes e Abraão (promessa da benção) e de Davi (promessa de um Reino eterno), concluindo com Maria, que marca o novo início da humanidade. Jesus vem do Espírito Santo (1,20), do seio materno de Maria (1,16). No Evangelho de Lucas, a genealogia (3,23-38) se dá após o batismo: é a apresentação da vida pública de Jesus, que parte do cume (Jesus) até chegar na origem (filho de Deus), origem já destaca em 1,35 “Aquele que vai nascer será chamado Filho de Deus”.

João, no prólogo (1,1-18), explicita a grandiosa resposta “de onde” Ele é: A Palavra estava junto de Deus, vem de Deus, portanto, Jesus é Deus. Se fez carne e armou sua tenda, habitando entre nós. A força criadora, a Palavra, é aquela que dá a vida. À medida que Deus fala, as coisas vão acontecendo, por isso Jesus é a vida em plenitude transmitida à humanidade. Jesus é a tenda da reunião, o lugar do encontro com Deus, que não se fecha num templo, mas está presente no meio de nós. Jesus é a presença visível do Deus invisível, rosto divino do homem e rosto humano de Deus. Não há mais espaços para mediações, pois Jesus recebe a glória do Pai e a comunica como Filho único.

JOÃO BATISTA E JESUS
No início da atividade de Jesus os quatro Evangelhos colocam a figura de João Batista e apresentam-no como o precursor (Jo 1,29; Lc 1,30; Mc 1, 6-8; Mt 3,1-12). Filho do sacerdote Zacarias, da classe de Abdias, e de Isabel, parente de Maria, o anúncio do nascimento de João se dará no Templo, num solene momento de liturgia do Antigo Testamento, contrastando com o anúncio de Jesus, que se dá numa cidade desconhecida, numa casa simples, a uma jovem anônima, contudo, marcando o início de um novo tempo, o Novo Testamento inaugurado com o “alegra-te”.
Refrão: Deus só pode nos dar seu amor, nosso Deus é ternura!

João situa-se na longa esteira daqueles que nasceram de pais estéreis graças a uma intervenção prodigiosa de Deus, que age no impossível. O anúncio de Jesus está intimamente ligado com a história de João Batista: acontece no sexto mês da gravidez de Isabel, logo após o diálogo com o anjo, sendo coberta pela sombra do Altíssimo, Maria visita Isabel. A Palavra de Deus, o seu Espírito, gera em Maria o menino; gera-o através da porta de sua obediência.

O NASCIMENTO
O nascimento de Jesus, em Belém, na cidade de Davi, situa-se no quadro da história universal (datação específica, sem o indefinido “era uma vez” que poderia marcar um mito): inicia-se uma nova contagem do tempo. Nascido da virgem Maria, gerado e não criado, é cumprimento da promessa do Pai de caminhar com seu povo; a nova criação está ligada ao sim livre da pessoa humana de Maria, a nova Eva. O salvador, nasceu fora de uma casa, num ambiente desconfortável (gruta/estábulo), foi crucificado fora da cidade, no entanto, trouxe ao mundo a paz, o que nos faz recordar e inversão de valores verificada na pessoa de Jesus desde o nascimento.

Maria envolveu o menino com faixas (nascimento/morte) e colocou-o no lugar onde os animais buscavam alimento, na manjedoura/altar/arca da aliança (Jesus é o verdadeiro alimento que o homem necessita para ser pessoa humana). O primogênito pertence a Deus e inaugura a nova humanidade depois de ter derrubado as portas da morte. As primeiras testemunhas do nascimento são os pastores, por conhecerem a pobreza e a simplicidade, viram o menino interiormente – um olhar além do imediato. Os anjos anunciaram a alegria e glorificavam a Deus cantando; os motivos para tanta alegria: Deus é glorioso, existe o bem, existe a verdade, existe a beleza, estão em Deus de forma indestrutível.

O nascimento de Jesus é concluído em Lucas com a narrativa da apresentação de Jesus ao Templo, segundo a lei de Israel: no oitavo dia a circuncisão e no quadragésimo a purificação de Maria. Jesus é formalmente recebido na comunidade das promessas que nascem de Abraão: mesmo nascido sob a Lei, redimiu a humanidade para que fosse acolhida na adoção filial. Da boca de Simeão, homem justo e piedoso profere duas afirmações cristológicas: “O menino é Luz para iluminar as nações” e existe para “a glória de teu povo, Israel”. Jesus é identificado como servo de YHWH. A teologia da glória se liga a teologia da cruz, e logo Maria é informada de que “uma espada traspassará seu peito” (Lc 2,35), porque o menino foi colocado para queda e para o reerguimento de muitos em Israel (será a pedra onde se tropeça e cai: Is 8,14).

A EPIFANIA – OS MAGOS DO ORIENTE
Mateus destaca que magos vindos do oriente, em busca da verdade, seguiram uma “estrela que brilhara sobre o mundo” (o próprio rei que deve vir), para encontrar o portador da salvação. Tais magos, que representam a sabedoria religiosa e filosófica, a força que coloca os homens a caminho. Os sábios/reis marcaram a dinâmica de ir além de si próprios, representando os povos (as diversas etnias) que vieram adorar o menino-rei. Tais sábios constituem um início, o encaminhar-se da humanidade para Cristo: inauguram uma procissão que percorre a história inteira – representam a expectativa interior do espírito humano, o movimento das religiões e da razão humana ao encontro de Cristo.

Não é a estrela que determina o destino do Menino, mas o Menino que guia a estrela, trazendo o homem para si, atraindo por meio da criação para a experiência profunda da fé. Cada vez mais, a humanidade se faz peregrina em busca da luz que ilumine a vida com raios de eternidade. Existe um desejo no coração de todo homem e mulher: encontrar uma estrela (luz) que seja guia e meta para suas vidas, como aconteceu com os Magos e com tantas pessoas que vivem em busca do rosto do Deus. Quando o homem é atingido no coração pela luz de Deus, alegra-se por ver realizada sua esperança (Mt 2,10). Os magos prostram-se diante do Menino, prestam a homenagem ao rei-Deus. Os três presentes representam três aspectos dos mistério de Cristo – o ouro apontaria para sua realeza, o incenso para o Filho de Deus e a mirra para o mistério de sua paixão.

No início do Evangelho de João, Jesus faz uma pergunta para alguns dos discípulos de João Batista: O que vocês estão procurando? Essa pergunta ele dirige hoje a você: O que procuras?
Ler o texto de Jo 1,35-51 (ler, refletir com ajuda do texto abaixo, meditar, rezar e contemplar). 

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