Domingo de Ramos
Iniciamos no domingo de Ramos, a Semana Santa, na qual
acontece a celebração da Páscoa anual de Jesus Cristo. É a celebração maior de
toda a Igreja, que alcançará seu momento alto no Tríduo Pascal, quando Jesus
Cristo realiza plenamente a vontade do Pai e nos concede a reconciliação
salvadora.
No Domingo de Ramos, lemos a narração da Paixão do Senhor.
Não se pode evitar, portanto, o encontro com a cruz de Cristo. Uma realidade
que pode provocar repulsa, mas que nunca está longe de nós. Do ponto de vista
da conversão, como refletimos no decorrer da Quaresma deste ano, todo cristão
inicia sua conversão a partir de um encontro decisivo com a cruz. Não haverá
conversão sincera sem a acolhida da cruz de Cristo.
Bênção de ramos: Lc 19,28-40 – Bendito o que vem em nome do
Senhor
1ª leitura: Is 50,4-7 – Não desviei meu rosto das bofetadas
e cusparadas
Salmo Responsorial: Sl 21 - Meu Deus, meu Deus por que me
abandonaste?
2ª leitura: Fl 2,6-11 – Humilhou-se a si mesmo; por isso
Deus o exaltou acima de tudo
Evangelho: Lc 22,14—23,56 - Pai, perdoai-lhes, porque não
sabem o que fazem
CONTEXTO CELEBRATIVO
Na reflexão da Palavra já demonstramos que nossa celebração
continua, e conclui, o enfoque da Quaresma, recordando a importância da
conversão na vida cristã. Por isso, nossa proposta é conduzir os celebrantes
diante da cruz de Cristo para que tomem uma decisão de vida: aceitar ou não
Jesus Cristo como salvador e comprometer-se com ele na construção do Reino. Se
assim for, terá sentido recebe-lo com aclamações de ramos e hosanas na
comunidade.
A procissão que realizamos não é um fato folclórico, mas
memória de um acontecimento salvífico profetizado por Zacarias (Zc 9,9): “teu
rei vem montado num humilde jumentinho.” Participar dessa procissão é um modo
de continuar a mesma aclamação iniciada pelo povo de Jerusalém, quando acolheu
Jesus com hosanas, com ramos de oliveiras e com mantos estendidos pelos
caminhos. Nós continuamos a mesma aclamação em nossa cidade, proclamando lá na
rua, no meio da praça, para que todos escutem que o Senhor é nosso rei.
A aclamação a Jesus como Rei da Paz foi iniciada em
Jerusalém e continua até nossos dias, na procissão que realizamos em nossas
comunidades. Jesus vem até nós montado num jumentinho. Vem como servidor da
paz, para que o poder do amor e a paz sejam plantados na terra e no coração de
cada pessoa. Em Jesus tem início uma nova ordem social, não fundamentada nos
poderes políticos, mas no poder do serviço, do amor e da fraternidade. Não aclamamos
um político e nem um revolucionário, mas o Messias, aquele que foi enviado por
Deus com a missão de trazer a paz divina para a terra
Quinta-Feira Santa – Celebração da Ceia do
Senhor e lava-pés
A Liturgia inicia com esta Eucaristia a celebração da Páscoa
anual de Jesus Cristo. Quem senta-se à mesa com Cristo para celebrar a Páscoa
compromete-se com ele e com seu Evangelho. Compromete-se com um novo modo de
vida. Todos os ensinamentos de Jesus conduzem seus discípulos a uma mesa
celebrativa, que se transforma em altar - sacramento da Cruz - onde oferecem um
sacrifício agradável ao Pai. O envio dessa mesa acontece no serviço,
sacramentalizado no gesto do lava-pés.
No início do Tríduo Pascal destaca-se a centralidade Eucarística
como celebração memorial, que atualiza a Salvação de Jesus Cristo no nosso hoje
histórico e na vida pessoal de cada celebrante. Uma celebração que se realiza
ao redor de uma Mesa, onde nos encontramos com Jesus e aprendemos que viver é
se dispor a servir, como fez o Mestre.
LEITURAS
1ª leitura: Ex 12,1-8.11-14 = Ritual da ceia pascal
Salmo: Sl 115 = O cálice por nós abençoado é comunhão com
sangue do Senhor
2ª leitura: 1Cor 11,23-26 = Anunciais a morte do Senhor
Evangelho: Jo 13,1-5 = Amou-os até o fim
CONTEXTO CELEBRATIVO
Nosso contexto celebrativo enfoca o compromisso - o
comprometimento - que os celebrantes da Eucaristia assumem com Cristo e com o
projeto libertador em favor da vida, na Páscoa. Por isso, os celebrantes devem
compreender que eles não são meros assistentes de ritos, mas alguém que ali
está para renovar um compromisso de vida com Deus e com o projeto divino.
Do ponto de vista comunicativo, esta celebração apresenta-se
com três características: alegre, sóbria e laudativa. A expressão alegre
acontece nos ritos inicias, até o momento do glória, inclusive. Depois, a
celebração comunica-se pela sobriedade até o seu final. A comunicação laudativa
é feita na transladação do Santíssimo e no prolongamento celebrativo, com a
adoração eucarística, depois da missa.
Sexta-feira Santa: Celebração da Adoração
da Cruz
O mistério da Paixão e da Morte de Jesus Cristo é celebrado
pela Palavra de Deus. A Liturgia faz um “grande silêncio celebrativo” neste
dia, para ouvir Deus falando e celebrando com seu povo a grandeza do seu grande
amor que nos salva. A Igreja não celebra os sacramentos neste dia; celebra a
Páscoa dolorosa do Senhor ouvindo a voz de Deus proclamada na assembleia e,
pelos méritos da Paixão e Morte do Senhor, intercede pela Igreja e pelo mundo.
Esta é uma razão forte para compreendermos porque a
celebração de Sexta-Feira Santa é marcada pelo mais profundo silêncio. Silêncio
não com a imposição de um caráter de luto, mas de reflexão e contemplação
diante daquilo que Deus fala para que compreendamos o valor da Salvação.
Mesmo parecendo estranho para alguns, a fé de Jesus Cristo
no Pai foi o fundamento central de todo o seu Mistério Pascal. Foi crendo com
todas as forças de sua alma, de sua vontade e inteligência na promessa divina,
que Jesus pôde realizar a vontade do Pai até as últimas consequências.
Leituras
1ª leitura: Is 52,13—53,12 = Ele foi ferido por causa de
nossos pecados
Salmo: Sl 30 = Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito
2ª leitura: Hb 4,14-16; 5,7-9 = Ele tornou-se causa de
salvação eterna
Evangelho: Jo 18,1—19,42 = Paixão de Jesus
CONTEXTO CELEBRATIVO
Nossa proposta celebrativa destaca a confiança na cruz de
Cristo. Quem se converte ao Senhor e ao seu projeto de vida, não para na cruz
com tristeza ou lamentando o que fizeram com Cristo, pois encontra ali uma
fonte de confiança e segurança em Deus. Lembramos também que esta celebração é
essencialmente silenciosa, em todos os aspectos. Por isso, não se faz
necessário, e nem é bom, fazer acréscimos de símbolos ou sinais daqueles que a
própria celebração propõe. Quanto mais simples e silencioso, melhor e mais
participada será.
Quatro dimensões: Lembramos que a Liturgia da Sexta-feira
Santa desenvolve-se em quatro diferentes momentos, cada um dos quais com ritos
próprios. Para que sua equipe prepare bem a celebração, como temos feito em
anos anteriores, achamos por bem repetir o mesmo lembrete com o seguinte
esquema:
1a parte = Paixão proclamada: é a Liturgia da Palavra.
2a parte = Paixão rezada: pela Paixão do Senhor, a Igreja
faz suas preces.
3a parte = Paixão adorada: adoração da cruz, na qual e pela
qual temos a salvação.
4a parte = Paixão comungada: rito da comunhão
Vigília Pascal- Sábado Santo
Tanto refletimos sobre a Vigília Pascal que esquecemos o
clima de tristeza e luto que perpassa o dia do Sábado Santo. Este clima espiritual
da Igreja é iniciado após a Liturgia da Morte do Senhor, na Sexta-feira Santa,
quando a Igreja ingressa no grande silêncio. O Sábado Santo está envolvido
nessa atmosfera de fé e esperança que mistura a tristeza da Cruz e a esperança
da Ressurreição. Por isso, o Sábado Santo não se resume na Vigília. Esta é
ponto de chegada, o grande auge, a grande exultação que explode de alegria, que
celebra a vitória da vida sobre a morte. A grande Vigília Pascal é preparada
por um dia silencioso e carregado de profunda espiritualidade, contemplando a
Mãe silenciosa que sofre sem deixar de crer e esperar em Deus.
Manifestando a continuidade desse dia silencioso e enlutado,
a primeira parte da Vigília Pascal acontece na escuridão silenciosa da noite.
Como tudo é simbólico nessa celebração, acendemos o fogo da vida na escuridão
da morte. No meio da noite, em uma Igreja escurecida (enlutada) pela morte do
Senhor, acendemos uma grande luz para proclamar a vitória de Jesus Cristo
recordando as maravilhas divinas, através da longa Liturgia da Palavra que,
pouco a pouco, vai acendendo as luzes da igreja e no coração dos celebrantes,
fazendo memória da criação divina (1ª leitura), da fé de Abraão (2ª leitura),
da liderança profética de Moisés, conduzindo o povo pela Páscoa do deserto (3ª
leitura). Depois, a Igreja proclama agradecida, em forma de poemas e cânticos,
as promessas divinas (4ª leitura, 5ª leitura, 6ª leitura e 7ª leitura; mais os
salmos responsoriais). Finalmente, a luz resplandece com todo o esplendor no
túmulo vazio: o Senhor ressuscitou, proclama o Evangelho; “aleluia”, cantam os
celebrantes. Nesta longa Liturgia da Palavra, passado e presente se encontram,
vida e morte duelam; a vida vence: Jesus ressuscitou (Evangelho). O que isso
significa?
Professamos nossa fé declarando que Jesus “desceu à mansão
dos mortos”. Passa pelo mistério da morte, participa da morte como um dia dela
participaremos. O Sábado Santo é um dia no qual experimentamos um mundo sem
Deus. Por isso, o Sábado Santo começa como dia do sepultamento, até o momento
que a sepultura é aberta e deixa de ser lugar dos mortos. Sábado Santo é também
o dia, no qual os homens pretenderam enterrar Deus, iludidos que uma pedra
seria suficiente para fazê-lo desaparecer da terra. Por isso, na celebração da
Vigília Pascal, os celebrantes se colocam do lado de Deus e exultam de alegria
porque a vitória da morte foi aparente e por pouco tempo. Depois que Jesus
“desceu à mansão dos mortos”, a morte não é mais a mesma. Jesus tirou dela o
aguilhão; tirou-lhe a possibilidade de destruir a vida, e a transformou em
passagem — em Páscoa — para a vida eterna.
Leituras
1ª leitura: Gn 1,1—2,2 = Depois da criação, Deus viu que
tudo era bom
Salmo: Sl 103 - Enviai, Senhor o vosso Espírito, e renovai a
face da terra
2ª leitura: Gn 22,1-18 = O sacrifício de Abraão: "não
faças nada a teu filho"
Salmo: Sl 15 = Guardai-me, ó Deus, porque em vós meu refugio
3ª leitura: Os Ex 14,15—15,1 = Atravessaram o Mar Vermelho a
pé enxuto
Salmo: Ct de Ex 15 = Cantemos ao Senhor, que fez brilhar a
sua glória
4ª leitura: Is 54,5-14 = Com misericórdia me compadeci de ti
Salmo: Sl 29 = Eu vos exalto, ó Senhor, porque vós me
livrastes!
5ª leitura: Is 55,1-11 = Vinde a mim, farei convosco um
pacto eterno
Salmo: Ct de Is 12 = Com alegria bebereis do manancial da
salvação
6ª leitura: Br 3,9-15.32— 4,4 = Marcha para o esplendor do
Senhor
Salmo: Sl 18b = Senhor, tens palavras de vida eterna
7ª leitura: Ez 36,16-17a. 18-28 = Derramarei sobre vós uma
água pura
Salmo: Sl 41 = A minh'alma tem sede de Deus
Epístola: Rm 6,3-11 = Cristo ressuscitado dos mortos, não
morre mais
Salmo: Sl 117 = Aleluia, daí graças ao Senhor, porque Ele é
bom
Evangelho: Lc 24,1-12 = Ele ressuscitou e vai a vossa frente para a Galileia
CONTEXTO CELEBRATIVO
A tristeza e o luto, que caracterizam o dia do Sábado Santo,
conduz à “Mãe de todas as Liturgias” para proclamar entre canções e luzes a
Ressurreição de Jesus. Por causa de sua Ressurreição, a morte perdeu seu
aguilhão destruidor e se tornou Páscoa para a vida eterna.
O contexto desta celebração está explícito na monição
inicial, que abre a Vigília Pascal, no rito da bênção do fogo novo. O
presidente da celebração apresenta o motivo principal da celebração: reunir-se
em vigília e oração para celebrar o Mistério da Páscoa e participar assim do
triunfo da vida, celebrando a ressurreição de Jesus Cristo . Mais
especificamente, o enfoque que procuramos dar a esta celebração é a certeza de
viver por causa da ressurreição do Senhor.
ESTRUTURA DA VIGÍLIA
1a parte: Celebração da luz - acontece fora da igreja.
2a parte: Liturgia da Palavra - composta de 7 leituras
(possibilidade de opção).
3a parte: Liturgia do Batismo - bênção da água e rito do
batismo (opcional o Batismo).
4a parte: Liturgia Eucarística - a partir da preparação das
ofertas.
CELEBRAÇÃO PARTE POR
PARTE
Primeira parte da
celebração = Bênção do fogo novo
Do ponto de vista litúrgico, trata-se de uma Liturgia e não
apenas de um rito, com a finalidade de iluminar o mundo e a noite cósmica com a
luz de Cristo, simbolizada no fogo novo. Por isso, todos os celebrantes devem
iniciar a Vigília Pascal fora da igreja, participando da bênção do fogo novo. O
gesto simbólico da procissão, um rito realizado por todos os celebrantes é a
manifestação da luz de Cristo, vivo e ressuscitado, iluminando a natureza e a
comunidade envolvida pela noite.
Considerando nosso enfoque celebrativo, a luz de Cristo é
símbolo da proclamação da vida nova no meio do mundo, que vem da ressurreição.
A Proclamação Pascal tem uma frase que ilustra bem este sentido: “a noite será
luz para o meu dia”. Quer dizer: mesmo que o mundo esteja envolvido pelas
trevas, a luz de Cristo levada à frente da comunidade, reunida e caminhante
para celebrar a Páscoa de Cristo, ilumina a vida “pondo na treva humana a luz
de Deus”, como diz outro verso da Proclamação Pascal .
Segunda parte da
celebração = Liturgia da Palavra
Na primeira parte da Vigília, os celebrantes cantam louvores
a Deus e a Jesus Cristo, o ressuscitado e a luz que ilumina a Igreja, ilumina
cada membro do seu Corpo Místico e, de modo mais restrito, ilumina a
comunidade. Na segunda parte, a Liturgia proclama a História do amor divino que
vivificou o mundo na criação, formou um povo e prometeu re-fazer este povo,
colocando nele o seu Espírito de vida.
Paulo, na epístola aos romanos (Rm 6,3-11), que se lê nesta
Vigília, explica que a promessa de um povo novo, que tem o Espírito da vida
divina em si, realiza-se em nós pelo Batismo. Toda a longa história de amor,
realizada por Deus em favor do povo, torna-se ressurreição no dia que cada
homem e mulher é inserido nesta Páscoa, nesta passagem para vida nova, e começa
a fazer parte daquele povo (a Igreja) que tem o Espírito da vida de Deus em si.
A espera deixa de ser promessa e torna-se realidade, a ponto de se poder
cantar: “Não morrerei, mas ao contrário, viverei” (Sl 117,17).
Terceira parte da
celebração = Liturgia Batismal
A terceira parte da celebração é caracterizada por aquilo que
podemos definir como alegria espontânea, quando os celebrantes, depois de
invocar aqueles batizados que foram fiéis e viveram a ressurreição de Jesus até
as últimas conseqüências, os santos e santas, erguem as velas acesas e voltam a
assumir o compromisso batismal que, no enfoque celebrativo que propomos para
esta Vigília, significa também compromisso com a vida e negação de tudo que
produz morte. Depois, a aspersão da água batismal sobre os celebrantes é um
momento de exultação: canto e água em abundância, símbolo da vida abundante que
vem da Ressurreição do Senhor.
É alegre porque, da mesma forma, é um momento de acolhida,
principalmente nas comunidades que realizam batizados na Vigília. Catecúmenos
ou crianças que são batizados são acolhidos na Ressurreição do Senhor, são
recebidos na vida nova, inundados pelo Espírito Santo oferecido por Deus, em
Cristo, e recepcionados na comunidade. O efeito da Ressurreição do Senhor
torna-se visível nos batizados.
Quarta parte da
celebração = Liturgia Sacramental
Ornamentação do altar: O altar é a mesa mais importante
desta celebração litúrgica. É o local onde a Páscoa acontece no “hoje” de
nossos dias; onde os celebrantes participam e comungam a Páscoa de Jesus
Cristo, participam e comungam a ressurreição do Senhor. Tudo o que foi
proclamado na Liturgia da Palavra e na Liturgia do Batismo alcança seu momento
alto na Liturgia Eucarística, quando os celebrantes oferecem os simples dons do
pão e do vinho, para que Deus os vivifique — os “encha” da vida divina — e
alimente com eles o seu povo. Dada a força sacramental que vem do altar, é bom
chamar atenção sobre ele através de um rito que o prepare para a grande ceia
pascal.
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