quinta-feira, 15 de agosto de 2013

RESUMO DO DIRETÓRIO NACIONAL DE CATEQUESE (DNC): III PARTE

Capítulo 3 - Catequese Contextualizada: História e Realidade

          A Igreja faz parte da história. Ela está situada no contexto social, econômico, político, cultural e religioso, marcado atualmente pela globalização neoliberal de mercado e pelo pluralismo; em nossa complexa realidade brasileira, predomina uma matriz cultural cristã. A história é lugar da caminhada de Deus com seu povo e do povo com Deus. Nela e por ela Deus se revela e manifesta o que ele quer ensinar e o que espera da humanidade. Jesus Cristo, o Filho de Deus, encarnou-se na realidade humana e num determinado contexto histórico, que condicionou sua vida, ensinamento e missão. Viveu, ensinou e nos salvou a partir da história e do que ela comporta. A história faz parte do conteúdo da catequese. O fiel, iniciado no mistério da Salvação, é chamado a assumir a missão de ajudar a construir a história, segundo o Reino de Deus.
          A catequese não pode ser desencarnada da história. Sua missão é também contribuir para a formação de cristãos como cidadãos, justos, solidários e fraternos, co-responsáveis pela pátria comum e pelo planeta terra. Neste sentido, buscando a dinâmica da inculturação, cabe à catequese adaptar-se aos diversos grupos humanos (negros, indígenas, mestiços, adultos, jovens, adolescentes, crianças, idosos, homens, mulheres, pessoas com deficiência), e em suas diferentes situações: cidade, periferias, campo, litoral e outros. A catequese tem também a missão de superar o racismo, a discriminação de gênero e de posição econômica e social, colaborando para a promoção da solidariedade.

           Como a catequese acompanha a história, alguns marcos históricos são importantes para a catequese na evangelização da América Latina, especialmente do Brasil:
**Em 1955, no Rio de Janeiro a criação do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM), com seus encontros, estudos, documentos, assessorias, cursos e publicações.
**Marcam momentos decisivos as Conferências Gerais do Episcopado Latino-americano em Medellín, Puebla, e Santo Domingo. Tudo isso deu forte impulso renovador à catequese. Importante influência teve o Departamento de Catequese do CELAM (DECAT) com seus projetos de animação da catequese, escritos, semanas latino-americanas de catequese e outras iniciativas.
**A história do Brasil se entrelaça com a história da Igreja. Também no Brasil a base se forma com a ação dos leigos nas famílias e aldeias e, depois, com a ação dos missionários. Em 1532, fundaram-se as primeiras paróquias e, de 1538 a 1541, instalou-se a primeira missão formal em Santa Catarina por obra dos franciscanos. Em 1549, com o governador geral, veio de Portugal o primeiro grupo de jesuítas.
**A transferência da família real, em 1808, coincidiu com a reforma católica, no Brasil. A catequese dava, então, prioridade ao ensino da doutrina cristã. As cartas pastorais dos bispos e os catecismos alimentaram o movimento catequético, que recebeu um incremento a partir de 1840, quando a Igreja no Brasil assumiu as orientações do Concílio de Trento.
**O Catecismo da Doutrina Cristã marcou a caminhada da catequese no Brasil, publicado a partir de 1903, pelas províncias eclesiásticas do Sul do Brasil e com edições até hoje. Seu uso era subsidiado com outros textos, mais didáticos. Periodicamente aconteciam maratonas oficiais para a assimilação deste Catecismo.
**Uma vez aprovado, em 1983, o documento Catequese Renovada passou a ser uma forte motivação para a evolução da catequese. O destaque dado à Bíblia correspondeu ao carinho do povo pela Palavra de Deus. Catequistas alegremente aprenderam a dizer e demonstrar concretamente que “a Bíblia é o livro por excelência da catequese.
**1ª Semana Brasileira de Catequese (1986) com o tema “Fé e vida em comunidade, renovação da Igreja, transformação da sociedade” e a 2ª, em 2001, com o tema “Com Adultos, Catequese Adulta”;
**Os sete Encontros Nacionais de Catequese;
**As escolas de catequese, os grupos nacionais de reflexão: GRECAT, GREBIN, GRESCAT, o Grupo de catequetas e professores de catequética, o Grupo de catequese junto às pessoas com deficiência, as semanas e encontros nos regionais e nas dioceses;
**2ª Semana Brasileira de Catequese (2001): com adultos, catequese adulta.

          Da publicação de Catequese Renovada para cá, em nível de América Latina, a catequese no Brasil encontrou respaldo no documento da Primeira Semana Latino-americana de Catequese (Quito, 1982) e da Segunda (Caracas, em 1994), nas conclusões de Santo Domingo (1992), no documento Catequese na América Latina: linhas comuns para a catequese (1999). Em nível mundial, a Sé Apostólica publicou o Catecismo da Igreja Católica (1992), o Diretório Geral para a Catequese (1997) e o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (2005).
           Não podemos deixar de esquecer ainda, no Brasil, deste documento, o Diretório Nacional de Catequese (2006), a proposta do Ano Catequético para 2009 com seu subsídio que trabalha a “Catequese, caminho para o discipulado” e a 3ª Semana Brasileira de Catequese que se realizará dos dias 07 a 11 de outubro de 2009.
          A CNBB, através de documentos, mensagens, pronunciamentos, campanhas e outros meios, vem realizando uma verdadeira catequese eclesial em nível nacional, num leque abrangente nas diversas dimensões da vida humana e religiosa, marcando presença significativa na sociedade.
          A Igreja não ignora que neste momento da história, impera a hegemonia ideológica do neoliberalismo e de sua expressão maior, a feroz lei do mercado explorador. A humanidade fez progressos, sem dúvida: há empenho na defesa de direitos humanos que antes eram ignorados, cresce uma consciência ecológica, há tendências pacifistas e certo engajamento em trabalho voluntário e solidário. Valoriza-se o simbólico, o artístico, o lúdico, o estético e o ecológico. Apesar disso ainda estamos sob o domínio da tirania do lucro, da guerra e de outros tipos de violência. Isso desafia o cristianismo, como um todo, e cada discípulo de Jesus carrega o propósito de uma sociedade justa, solidária e de paz.
          É grande a força da comunicação moderna, na formação da opinião pública e das convicções das pessoas. A Igreja mesma a valoriza como meio importante para a evangelização. Mas cabe-lhe, em seu profetismo, zelar para que o uso da mídia esteja a serviço da pessoa e dos valores humanos. Neste propósito, a catequese, como comunicação da Boa Notícia e dos valores que dela derivam para a felicidade humana, é importante ajuda na educação do senso crítico em relação à mídia. À luz dos valores do Evangelho estimula os fiéis a serem protagonistas da comunicação cristã.

          Não mais vivemos em tempos de cristandade, com a hegemonia religiosa e cultural da Igreja. O mundo contemporâneo abre cada vez mais espaço ao diferente e o futuro se anuncia mais plural, também no campo religioso. A Igreja está aprendendo novos caminhos: o do ecumenismo, do diálogo religioso, do diálogo com a cultura e da promoção da liberdade religiosa.  Hoje milhões de pessoas ficam à margem ou recebem um serviço social insuficiente e sem qualidade. É grave a situação do desemprego e a falta de segurança laboral. A derrocada de valores leva as pessoas a buscar refúgio em fugas existenciais alienadoras, que poderosos grupos oferecem, exasperando, também, a agressividade e o usufruto dos prazeres. É neste contexto que a Igreja coloca em prática a evangélica opção preferencial pelos pobres e excluídos. Trata-se de um dado fundamental da fé cristã e, portanto, do conteúdo da catequese.

** Diácono Roberto Bocalete

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