RESUMO DO DIRETÓRIO NACIONAL DE CATEQUESE (DNC) - PARTE VIII
Capítulo 8 - Lugares e organização da Catequese
A
catequese necessita aproveitar as novas conquistas tecnológicas, pedagógicas e
científicas para o anúncio do Evangelho, bem como utilizar os espaços já
constituídos como lugares de catequese, tornando-os dinâmicos e receptores à
mensagem de fé. São lugares privilegiados de catequese a família como igreja
doméstica, berço de vida e fé (pais são os primeiros e principais responsáveis
pela vida e pela educação de seus filhos; são os primeiros educadores da fé); a
comunidade cristã: lugar por excelência da catequese (nas comunidades eclesiais
de base desenvolve-se uma catequese fecunda, através do clima fraterno, da
percepção da realidade, da leitura da Palavra de Deus, da defesa da justiça e
da busca da ação transformadora da sociedade, como ambiente adequado para uma
catequese integral); a Paróquia (ambiente de catequese acolhe, educa e anima a
vida dos cristãos); as pastorais, movimentos, grupos e associações (que não
podem deixar de educar seus membros na fé e no senso de Igreja); e outros
ambientes de catequese (muitos espaços desafiadores, sobretudo na cidade, onde
a catequese precisa descobrir maneiras novas de apresentar às pessoas a
proposta do Evangelho, incentivando a descoberta dos apelos de Deus no mundo
moderno).
Cada um
desses lugares merece atenção especial. É necessário espírito de unidade para
que a diversidade seja respeitada e a harmonia do conjunto contribua para um
bom testemunho fraterno.
Quanto ao tempo do processo
educativo da fé, pode-se afirma que a catequese tem início no ventre materno.
Descobre as primeiras raízes da fé no ambiente familiar, desenvolve-se na
comunidade e solidifica-se no engajamento comunitário e processo formativo das
etapas subseqüentes. Com relação à idade de catequese, a dificuldade não reside
no estabelecimento de seu início, mas na idade para a celebração dos
sacramentos, em especial, a Penitência-Eucaristia-Confirmação. Diante das
distâncias geográficas do Brasil e da diversidade cultural-religiosa, torna-se
inviável estabelecer uma norma e programa únicos. Alguns critérios devem ser
levados em conta: a diocese tenha um
projeto catequético que acompanhe as pessoas desde a infância até a idade
avançada; a preocupação central da catequese seja a educação da fé, a iniciação
à vida comunitária, a formação do cristão ético e solidário. A celebração do
sacramento é uma decorrência da caminhada da fé e da vida comunitária; o
critério não seja: “porque a criança quer”, “os pais insistem”, “é mais fácil”,
mas o “crescimento na maturidade da fé, a iniciação na comunidade, a vivência
sacramental e o compromisso com a solidariedade”; haja uma adequada integração
entre as diversas etapas da caminhada da fé; a catequese priorize a educação da
fé dos adultos, oferecendo-lhes acompanhamento e aprofundamento da fé,
respostas às suas inquietações, indicações para a vivência familiar,
profissional e o engajamento na vida eclesial; que o Rito da Iniciação Cristã
de Adultos (RICA) seja conhecido e vivenciado nas comunidades e inspire todas
as modalidades de catequese.
Para
funcionar melhor, é indispensável um ministério da coordenação da catequese. A
coordenação é uma “co-operação”, uma ação em conjunto, de co-responsabilidade
conforme os diversos ministérios. Jesus é a fonte inspiradora na arte de
coordenar. Ele não assumiu a missão sozinho. Fez-se cercar de um grupo. Em
Jesus, o ministério da coordenação e animação caracteriza-se pelo amor às
pessoas e pelos vínculos de caridade e amizade. Ele conquista confiança e
delega responsabilidades.
Coordenar
é missão de Pastor (cf Jo 10, 1-10) que conduz, orienta, encoraja
catequistas e catequizandos para a
comunhão e participação, para a solidariedade e para a transformação da
realidade social. Requer um trabalho em equipe, pois é um serviço representativo
da comunidade, dos catequistas e das famílias. Reveste-se de uma mística do
exercício da função de Cristo Pastor.
Exercer
o ministério da coordenação na catequese é gerar vida e criar relações
fraternas. É promover o crescimento da pessoa, abrindo espaço para o diálogo, a
partilha de vida, a ajuda aos que necessitam de presença, de incentivo e de
compreensão. Não é uma função, mas uma missão que brota da vocação batismal de
servir, de animar, de coordenar. Através da coordenação, o projeto de catequese
avança, cria relações fraternas, promove a pessoa humana, a justiça e a
solidariedade. A coordenação procure ser missionária, inserida na comunidade,
formadora de atitudes evangélicas, comprometida com a caminhada da catequese e
com as linhas orientadoras da diocese.
A palavra chave deste ministério da coordenação é “articulação”. O coordenador
não acumule funções, nem “se apascente a si mesmo, mas sim as ovelhas” (Ez 34,
2). São características do serviço da coordenação: assumir este ministério como
uma missão que brota de uma experiência de vida cristã comunitária; suscitar vida entre as pessoas,
cultivando um relacionamento humano, fraterno e afetivo; perceber a realidade
sócio-econômica-política-eclesial e cultural que envolve as pessoas e as
comunidades. Não há uma coordenação neutra: ela está situada num contexto
sócio-cultural em nível local, nacional, mundial; assumir as exigências da
coordenação como um serviço em benefício do crescimento das pessoas e da
comunidade; criar uma rede de comunicação entre as diversas instâncias: comunidade,
paróquia, diocese, regional e nacional; adotar a metodologia do aprender a
fazer fazendo; ter capacidade para perceber que as pessoas têm saberes,
capacidades, valores, criatividade e intuições que contribuem para o exercício
da coordenação; desenvolver qualidades necessárias para um trabalho em equipe;
saber lidar com desencontros, problemas humanos e situações de conflito com
calma, num clima de diálogo, caridade e ajuda mútua; perceber a realidade e a
estrutura da graça, mais do que a eficiência e o ativismo; buscar e partilhar
conhecimento atualizado sobre planejamento participativo; integrar-se com as
demais pastorais (pastoral orgânica).
A
missão catequética não se improvisa e nem fica ao sabor do imediatismo ou do
gosto de uma pessoa. Catequese é uma ação da Igreja e um projeto assumido pela
comunidade, como um processo de educação comunitária, permanente, progressiva,
ordenada, orgânica e sistemática da fé. Jesus Cristo ensina a ter objetivos
claros e ações concretas.
A
catequese precisa de uma organização apropriada para responder às situações e
realidades diversificadas das comunidades e integrada na pastoral orgânica,
para evitar a dispersão de forças. Ela será eficaz se a comunidade, paróquia e
diocese tiverem um projeto de evangelização. A organização da catequese
necessita ser mais evangelizadora e pastoral do que institucional. Assim
responderá com mais flexibilidade aos objetivos e estará atenta aos clamores da
vida e às exigências da fé. Precisa estar ligada aos acontecimentos, eventos e
programações da Igreja, para caminhar em sintonia com a comunidade, garantindo
a unidade e a comunhão.
A
organização da catequese no Brasil constitui-se em vários níveis: paroquial,
diocesano, regional e nacional. A cada instância correspondem algumas tarefas
específicas. Em âmbito paroquial haverá uma equipe de catequese, sob a
orientação pastoral do pároco. Ela envolverá membros das comunidades e
catequistas das várias etapas da catequese, devendo estar integrada e presente
no Conselho Pastoral da Paróquia ou da comunidade; articular os projetos e programas assumidos em conjunto; estar
em sintonia e integrada com a programação paroquial; assumir as propostas da
catequese em nível diocesano e as orientações aprovadas pela Diocese; promover
reuniões periódicas para programar e avaliar; dar nova condução a trabalhos sem
eficiência, corrigindo as falhas; assegurar formação adequada e permanente dos
catequistas, em nível local, sistematizando jornadas, semanas, escolas
paroquiais de catequese;
A organização da catequese na
diocese tem como ponto de referência o Bispo e sua equipe de coordenação. A
coordenação diocesana da catequese, formada por uma equipe (bispo, padres,
diáconos, religiosos e catequistas), assume tarefas fundamentais, como: buscar
uma visão clara da realidade geográfica, histórica, cultural, sócio-econômica e
política da diocese; perceber os
desafios, as ameaças e as oportunidades com relação à prática catequética;
elaborar um planejamento com objetivos claros, ações concretas, integrado com a
pastoral da diocese; estabelecer os itinerários e a modalidade da catequese
segundo a pedagogia catecumenal para as diversas idades, especialmente para
adultos, tanto batizados como não batizados; discernir sobre a idade, duração
das etapas, celebrações e outros elementos necessários para o bom andamento da
catequese; elaborar ou indicar para a diocese instrumentos necessários para a
educação da fé de seus membros como: textos, manuais, subsídios, programas para
diferentes idades; promover uma aprimorada formação dos catequistas, sobretudo
das coordenações paroquiais, envolvendo-os em jornadas, reuniões, escolas
catequéticas, retiros, momentos de oração e de confraternização; criar e organizar escolas catequéticas
diocesanas com programas e conteúdos adequados à realidade, com maior atenção à
formação bíblica, litúrgica e metodológica; prover fonte de recursos e uma
sustentação econômica para o projeto catequético diocesano; integrar a
catequese com a liturgia, os ministérios, as pastorais e ações prioritárias
assumidas; efetivar os compromissos assumidos em nível nacional e aprovados
pela CNBB, entre eles a elaboração ou renovação do Diretório Diocesano de
Catequese; ler, estudar e aprofundar documentos elaborados em nível nacional,
latino-americano e da Sé Apostólica, e colocá-los na prática com os
catequistas; participar com responsabilidade das reuniões efetivadas em nível
regional;utilizar os meios de comunicação e a internet para possibilitar um
intercâmbio e maior aprofundamento; detectar os “novos areópagos” da catequese
no âmbito da diocese.
A
coordenação da catequese em nível regional é constituída por representantes
escolhidos pelas coordenações das dioceses, tendo à frente um bispo e uma
equipe formada por leigos, religiosos, seminaristas, diáconos e presbíteros. É
missão dessa equipe manter a unidade e a comunicação entre as dioceses do
regional e com a Comissão Episcopal Pastoral para a Animação
Bíblico-Catequética; favorecer a
formação catequética através de cursos ou escolas para as coordenações
diocesanas e das diferentes etapas na caminhada da fé; dentre outros.
Segundo
o Diretório Catequético Geral é absolutamente necessário, em nível nacional, um
órgão permanente em função da catequese. A CNBB em sua organização inclui a
Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética, com o objetivo
de animar a pastoral bíblica e dinamizar a catequese. Ela é formada por uma
comissão de três bispos, auxiliados por dois assessores. Essa equipe nacional
tem as funções de animar, acompanhar e alimentar com boa reflexão a catequese
em nível nacional; levar a termo os projetos da animação bíblico-catequética,
assumidos pela CNBB no quadriênio; animar
a pastoral bíblica; propor, em parceria com o setor da liturgia, itinerários
catequéticos inspirados na dimensão catecumenal, tendo presente o RICA;
convocar e presidir as reuniões dos diferentes níveis de atuação: Grupo de
Reflexão Catequética (GRECAT), Grupo de Reflexão Bíblica Nacional (GREBIN),
Grupo das Escolas Catequéticas (GRESCAT), Grupo dos catequetas e outros; representar a Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil nos encontros nacionais e internacionais de catequese e
bíblia; viabilizar a prática deste Diretório Nacional de Catequese e dos
documentos da catequese dos diversos níveis: nacional, latino-americano e da Sé
Apostólica; entre outros.
A
Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética manterá
permanente contato e mútua colaboração com: o secretariado nacional de
catequese dos diversos países, com a Secção de Catequese do CELAM, com a
Federação Bíblica Católica (FEBIC), com a Sociedade de Catequetas
Latino-americanos (SCALA), com o Conselho Internacional de Catequese (COINCAT)
e com a Congregação para o Clero.
O
Diretório Nacional de Catequese, sem dúvida inspiração do Espírito Santo, é um
grande instrumento de aperfeiçoamento para o cumprimento do mandato de Jesus
Cristo feito a seus discípulos, que hoje se estende a nós, de levar ao mundo o
seu Evangelho. É motivo de alegria, entusiasmo e impulso de renovação: uma
conquista brasileira que não podemos deixar de celebrar, um corajoso encontro
com as “águas mais profundas” da ação evangelizadora.
São
muitos os colaboradores, catequetas, religiosas, padres, catequistas em geral
empenhados em tornar concreta essa nova primavera da catequese no Brasil. Um
Diretório tão completo e de grande expressão, passa a ser o direcionamento para
uma catequese madura, séria, em sintonia com a missionariedade e o discipulado,
presentes no Documento de Aparecida, com o Projeto de Evangelização, com o
desejo de Jesus de construir comunidades conscientes, livres e abertas a
fraternidade, ao amor.
Sendo a
catequese parte do itinerário de conversão e desencadeadora do discipulado,
faz-se necessário tal orientação, que aponte caminhos, seja eficaz e movimente
toda a Igreja em um compromisso na construção do Reino.
O caminho para uma catequese que dê sentido a vida humana esta proposto, o projeto está em nossas mãos. São muitas orientações que alimentam a prática catequética e a possibilidade de fazer crescer no cristão o conhecimento da fé, as virtudes humanas que influenciem a cultura para a adesão à vida em abundância, sinal da graça do Reino de Deus. Todos são convidados a ser pontes para esse processo de produção de uma realidade mais coerente com o projeto de Cristo: formar discípulos a partir da realidade para transformação eficaz dessa realidade.
O caminho para uma catequese que dê sentido a vida humana esta proposto, o projeto está em nossas mãos. São muitas orientações que alimentam a prática catequética e a possibilidade de fazer crescer no cristão o conhecimento da fé, as virtudes humanas que influenciem a cultura para a adesão à vida em abundância, sinal da graça do Reino de Deus. Todos são convidados a ser pontes para esse processo de produção de uma realidade mais coerente com o projeto de Cristo: formar discípulos a partir da realidade para transformação eficaz dessa realidade.
**Diácono Roberto Bocalete
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