terça-feira, 27 de agosto de 2013

RESUMO DO DIRETÓRIO NACIONAL DE CATEQUESE (DNC) - PARTE  VII

Capítulo 7 - Ministério da Catequese e seus protagonistas

                A catequese está na base de todo trabalho da Igreja. O próprio modo de ser Igreja, com as relações humanas que se estabelecem, a qualidade do testemunho, as prioridades estabelecidas, determina o estilo da catequese, que reflete o rosto da Igreja particular de onde brota.
                A catequese é um ato essencialmente eclesial. Não é uma ação particular. A Igreja se edifica a partir da pregação do Evangelho, da Catequese e da Liturgia, tendo como centro a celebração da Eucaristia. A catequese é um processo formativo, sistemático, progressivo e permanente de educação da fé. Promove a iniciação à vida comunitária, à liturgia e ao compromisso pessoal e com o Evangelho. Mas prossegue pela vida inteira, aprofundando essa opção e fazendo crescer no conhecimento, na participação e na ação.
                Catequese é serviço essencial e insubstituível; os catequistas servem a este ministério e agem em nome da Igreja. A catequese também consolida a vida da comunidade. Por isso, a Igreja é convidada a consagrar à catequese os seus melhores recursos de pessoal e energias, sem poupar esforços, trabalhos e meios materiais, a fim de a organizar melhor e de formar para a mesma, pessoas qualificadas. A Diocese deve sentir-se responsável pela catequese num trabalho conjunto com os presbíteros, diáconos, religiosos (as), catequistas e membros da comunidade, em comunhão com o Bispo. A catequese atinge diretamente as pessoas, sua experiência de vida, suas buscas profundas. Por isso ela é espaço de acolhida, de diálogo, de clima fraterno, de respeito ao diferente, de ternura e de confiança, pois o “testemunho de vida” fala mais alto do que as normas e as exigências rígidas.
                Para frutificar, a catequese necessita de organização, planejamento e recursos. Há também a necessidade de prover os catequistas de recursos, tanto para a tarefa catequética propriamente, como para a sua formação permanente. Catequistas são sabidamente generosos, oferecem seus serviços e seu tempo em espírito de gratuidade. Mas muitos são pobres e cooperam penosamente no sustento da família. A comunidade que aceita seu trabalho e precisa tanto deles deve ter sensibilidade para pôr à disposição da catequese livros, material pedagógico, cobertura financeira para cursos, encontros, reuniões dos quais os catequistas devam participar. Cabe à comunidade cristã acompanhar a organização da catequese, a qualificação dos catequistas e a acolhida dos catequizandos. Assim a ação catequética torna-se uma mútua responsabilidade, uma fonte de troca de experiências e de crescimento entre catequistas e a comunidade cristã.
             O futuro da evangelização depende em grande parte da Igreja doméstica. Para que a família exerça sua responsabilidade como educadora da fé, é preciso valorizar: a família como santuário da vida, onde se faz a primeira e indispensável experiência do amor, de Deus, da fé, de vida cristã e de solidariedade; o clima familiar propício; a valorização dos eventos, festas e celebrações familiares, enriquecendo-os com conteúdo cristão; as oportunidades de formação para que a vida de família seja um itinerário da fé e escola de vida cristã.
             Os fiéis leigos têm missão importante como batizados e crismados. Eles têm uma sensibilidade especial para encarnar os “valores do Reino” na vida concreta, a partir de sua inserção no mundo do trabalho, da família, das profissões, da política, da cultura... especialmente entre os afastados ou em ambientes onde outros agentes da Igreja não estão habitualmente presentes. 
                Dentre os fiéis leigos, temos catequistas: são milhares de mulheres, homens, jovens, anciãos e até adolescentes que descobrem, na experiência de fé e na inserção na comunidade, a vocação de catequista. Exercem esta missão com esmero, com doação e amor à Igreja. Assim dedicam-se de modo especial ao serviço da Palavra, tornando-se porta-vozes da experiência cristã de toda comunidade.
             A Igreja convoca à atividade catequética as pessoas de Vida Consagrada e deseja que as comunidades religiosas consagrem o máximo das suas capacidades e de suas potencialidades à obra específica da catequese, pois o testemunho dos religiosos, unido ao testemunho dos leigos, mostra a face única da Igreja que é sinal do Reino de Deus. Convida também os religiosos desde a formação inicial a participarem da formação, organização e animação catequética em sintonia com o Plano de Pastoral e orientações da diocese. A presença alegre, disponível e entusiasta de religiosos na catequese aviva a comunidade e anima os catequistas.
             Os presbíteros estimulam a vocação e a missão dos catequistas, ajudando-os a realizar o ministério catequético. A Igreja espera deles que não descuidem nada em vista de uma atividade catequética bem estruturada e bem orientada. É responsabilidade dos presbíteros e dos diáconos, mas principalmente dos párocos: entusiasmar-se pela catequese para que os catequistas se sintam valorizados; acompanhar a catequese em clima de diálogo com a coordenação, dando estímulo à formação permanente dos catequistas;        estimular e apoiar a vocação catequética, ajudando os catequistas a realizarem esse ministério com amor e fidelidade; suscitar na comunidade o senso da responsabilidade para com a catequese; estar atento à qualidade da mensagem, à metodologia, ao crescimento na leitura bíblica, à dimensão antropológica da catequese, ao comprometimento da catequese com a transformação da realidade social; integrar a catequese no projeto de evangelização, em estreita ligação com a liturgia e o compromisso social;       favorecer a formação de catequistas e outros gastos da catequese.
                O Bispo é o primeiro responsável da catequese na diocese e esse empenho episcopal na promoção da catequese implica em: assegurar efetiva prioridade de uma catequese ativa e eficaz na diocese, com atenção especial na cidade; suscitar e alimentar uma verdadeira paixão pela catequese;incentivar a devida preparação dos catequistas, abrangendo: método, conteúdo, pedagogia e linguagem; acompanhar e atualizar a qualidade dos textos utilizados na catequese; despertar o ministério catequético; zelar pela formação catequética dos presbíteros, tanto nos seminários como na formação permanente.
                O momento histórico em que vivemos, com seus valores e contra-valores, desafios e mudanças, exige dos evangelizadores preparo, qualificação e atualização. Neste contexto, a formação catequética é prioridade absoluta. A formação dos catequistas tem como objetivos: favorecer a cada catequista o seu próprio crescimento e realização; capacitar os catequistas como comunicadores; preparar os catequistas para desenvolver as tarefas de iniciação, de educação e de ensino e para que sejam autênticos mistagogos da fé; ajudar na busca de maior maturidade na fé, conscientizando para a importância de uma clara identidade cristã; assumir como dever próprio da catequese mostrar quem é Jesus Cristo; preparar animadores que atuem em diferentes níveis: nacional, regional, diocesano e paroquial; desenvolver uma educação da fé que ajude a fazer a inculturação da mensagem.
                O catequista bem formado capacita-se para comunicar e transmitir o Evangelho com convicção e autenticidade; tornar-se um verdadeiro discípulo de Jesus Cristo; assumir uma espiritualidade sustentada pelo testemunho quotidiano de justiça e solidariedade, pela Palavra de Deus, pela Eucaristia e pela missão; crescer de forma permanente na maturidade da fé, com clareza de fé, de identidade cristã e eclesial, e com sensibilidade social; proporcionar o gosto pela Palavra de Deus e fazê-la ecoar e repercutir na vida da comunidade;
                Critérios são pressupostos que devem ser levados em conta na formação. Ninguém nasce pronto. Cada ser humano vai adquirindo experiências no processo de crescimento. É o princípio aprender-fazendo. A formação catequética é um longo caminho a ser percorrido, através de conhecimentos, de práticas iluminadas pela reflexão bíblico-teológica e metodológica. Requer sintonia com o tempo atual e com a situação da comunidade. A formação catequética levará em conta a pedagogia e a metodologia próprias da transmissão da fé. Terá presente o processo da catequese e da formação dos catequistas que conduz cada pessoa a crescer na maturidade da fé.
                A formação catequética necessita perceber as riquezas, bem como os limites pessoais de cada educador da fé e sua capacidade de trabalhar em equipe. Deve dar-lhe consciência de que falará em nome da Igreja e que para isso, é preciso estar integrado numa comunidade. A formação proporciona conhecimentos para desenvolver os conteúdos, ajudar a criar um espírito de alegria e de esperança para superar os desafios, as tensões e medos. Um catequista bem preparado, que sente ter sucesso no que faz, estará menos propenso a desistir.
                O perfil do catequista é um ideal a ser conquistado, olhando para Jesus, modelo de Mestre, de servidor e de catequista. Sendo fiel a esse modelo, é importante desenvolver as diversas dimensões: ser, saber, saber fazer em comunidade.
                O catequista dever ser pessoa que ama viver e se sente realizada. Assume seu chamado com entusiasmo e como realização de sua vocação batismal. Compromete sua vida em benefício de mais vida para o seu próximo. Ser catequista é assumir corajosamente o Batismo e vivenciá-lo na comunidade cristã. É mergulhar em Jesus e proclamar o Reinado de Deus, convidando a uma pertença filial à Igreja. O processo formativo ajudará a amadurecer como pessoa, como cristão e cristã e como apóstolo e apóstola.
                Quanto ao SER do educador da fé podemos destacar o catequista como:
 1. Pessoa que ama viver e se sente realizada;
 2. Pessoa com maturidade humana e de equilíbrio psicológico.
 3. Pessoa de muita espiritualidade, que quer crescer em santidade.
 4. Pessoa que sabe ler a presença de Deus nas atividades humanas.
 5. Pessoa integrada no seu tempo e identificada com sua gente.
 6. Pessoa que busca, constantemente, cultivar sua formação.
 7. Pessoa de comunicação, capaz de construir comunhão.
                A formação do catequista requer um conhecimento adequado da mensagem que transmite e ao mesmo tempo do interlocutor que a recebe, além do contexto social em que vive. É importante ressaltar a necessidade de conjugar sempre a teoria com a prática. Quanto ao SABER do educador da fé destaca-se:
1. Suficiente conhecimento da Palavra de Deus.
2. Conhecimento dos elementos básicos que formam o núcleo de nossa fé.
3. Familiaridade com as ciências humanas, sobretudo pedagógicas.
4. Conhecimento das referências doutrinais e de orientação: Catecismo da Igreja Católica, documentos catequéticos, manuais...
5. Conhecimento suficiente da pluralidade cultural e religiosa, com capacidade para encontrar nela as sementes do Evangelho.
6. Conhecimento das mudanças que ocorrem na sociedade, inteirando-se sobre as descobertas recentes da ciência nos diversos campos: genética, tecnologia, informática...
7. Conhecimento da realidade local, da história dos fatos, acontecimentos, festas da comunidade, como terreno para uma boa semeadura da mensagem.
                Para que o catequista possa tornar-se uma pessoa de testemunho e de confiança perante a comunidade, é preciso que seja competente em sua ação catequética (SABER FAZER), superando a improvisação e a simples boa vontade. Para isto, é preciso levar em consideração várias dimensões: relacionamento (relacionamento afetuoso, acolhedor, misericordioso, que permitiam às pessoas maior proximidade); educação (a formação procurará fazer amadurecer no catequista a capacidade educativa, que implica: a faculdade de ter atenção com as pessoas, a habilidade de interpretar e responder à demanda educativa, a iniciativa para ativar processos de aprendizagem e a arte de conduzir um grupo humano para a maturidade); comunicação; pedagogia (conhecer e integrar elementos de pedagogia na sua prática, fundamentando-a na pedagogia divina, com ênfase na pedagogia da encarnação); metodologia (inspirar no princípio da interação fé e vida); e programação (planejamento de forma conjunta com o pároco, pais, catequistas e catequizandos, fazendo uma interação com a programação própria da comunidade). É possível desenvolvê-las através de práticas operativas, que vão possibilitando maior experiência.
                A formação dos animadores de catequese dá-se de forma sistemática e permanente e também de maneira assistemática no cotidiano da vida. No processo formativo, em primeiro lugar se coloca a comunidade cristã. Ela é fundamental, tanto para a formação do catequista, como para a permanência do catequizando, como membro da Igreja. Outros espaços são a família, a diocese, a formação continuada em níveis básicos, superior, Escolas catequéticas

             A formação para os seminaristas, diáconos e presbíteros é de suma importância, em função do ministério da evangelização e da catequese. O presbítero e diácono são ministros da Palavra por excelência. Por isso, são os animadores que fazem a Palavra ressoar em todos os âmbitos da catequese e da comunidade. O presbítero se define também como o “educador da fé”.

**Diácono Roberto Bocalete

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