quarta-feira, 10 de abril de 2013

CREIO NA IGREJA UNA, SANTA, CATÓLICA E APOSTÓLICA

Revendo alguns materiais estudados no curso de Teologia, neste contexto do Ano da Fé, disponibilizo para leitura e reflexão um resmo dos dois primeiros capítulos da Lumen Gentium! Nada dispensa a leitura do próprio texto, contudo, está aí uma oportunidade de refletirmos sobre a Igreja e nossa fé de que caminhar em comunidade é crescer no projeto de Deus!

CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA LUMEN GENTIUM: SOBRE A IGREJA
RESUMO DOS CAPÍTULOS 1 E 2

 CAPÍTULO I: O MISTÉRIO DA IGREJA
A luz dos povos é Cristo e a Igreja, em Cristo, é como que o sacramento e o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano, para que deste modo os homens todos, hoje mais estreitamente ligados uns aos outros, pelos diversos laços sociais, técnicos e culturais, alcancem também a plena unidade em Cristo.

O Eterno Pai, por sua sabedoria e bondade, criou o universo, decidiu elevar os homens à participação da vida divina e não os abandonou quando caídos, antes lhes concedeu os auxílios para se salvarem. Aos eleitos e aos que creem em Cristo, O Pai decidiu chamá-los à santa Igreja, prefigurada já desde o princípio do mundo e preparada na história do povo de Israel, manifestada pela efusão do Espírito, e será gloriosamente consumada no fim dos séculos.

Cristo, a fim de cumprir a vontade do Pai, instaurou na terra ao Reino dos Céus e revelou-nos o seu mistério, realizando com sua própria obediência a redenção. A Igreja cresce visivelmente no mundo pelo poder de Deus. Tal começo e crescimento exprimem-nos o sangue e a água que brotaram do lado aberto de Jesus crucificado e a celebração do sacrifício da cruz, que também é obra da nossa redenção. Todos os homens são chamados a esta união com Cristo, luz do mundo, do qual vimos, por quem vivemos, e para o qual caminhamos.

Consumada a obra que o Pai confiou ao Filho para Ele cumprir na terra, foi enviado o Espírito Santo no dia de Pentecostes, para que santificasse continuamente a Igreja e deste modo os fiéis tivessem acesso ao Pai, por Cristo, num só Espírito (Ef. 2,18). O Espírito habita na Igreja e nos corações dos fiéis, como num templo, conduz à verdade total e unifica na comunhão e no ministério, enriquece-a. Assim a Igreja toda aparece como um povo unido pela unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

Jesus deu início à Sua Igreja pregando a boa nova do advento do Reino de Deus prometido desde há séculos nas Escrituras; Reino que se manifesta na palavra, nas obras e na presença de Cristo.  Também os milagres de Jesus comprovam que já chegou à terra o Reino. A Igreja, enriquecida com os dons do seu fundador e guardando fielmente os seus preceitos de caridade, de humildade e de abnegação, recebe a missão de anunciar e instaurar o Reino de Cristo e de Deus em todos os povos e constitui o germe e o princípio deste mesmo Reino na terra. Enquanto vai crescendo, suspira pela consumação do Reino e espera e deseja juntar-se ao seu Rei na glória.

Assim como, no Antigo Testamento, a revelação do Reino é muitas vezes apresentada em imagens, também agora a natureza íntima da Igreja nos é dada a conhecer por diversas imagens tiradas quer da vida pastoril ou agrícola, quer da construção ou também da família. A Igreja é o redil, cuja única porta e necessário pastor é Cristo; rebanho do qual o próprio Deus predisse que seria o pastor e cujas ovelhas são guiadas e alimentadas sem cessar pelo próprio Cristo, bom pastor. A Igreja é a agricultura ou o campo de Deus plantada pelo celeste agricultor como uma vinha eleita; é também muitas vezes chamada construção de Deus, tendo como fundamentos os Apóstolos, construção que recebe vários nomes: casa de Deus (1 Tim. 3,15),  habitação de Deus no Espírito (Ef. 2, 19-22), templo santo no qual somos edificados aqui na terra como pedras vivas. A Igreja é também descrita como esposa imaculada do Cordeiro, submissa no amor e fidelidade. Enquanto, na terra, a Igreja peregrina longe do Senhor tem-se por exilada, buscando e saboreando as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus, e onde a vida da Igreja está escondida com Cristo em Deus, até que apareça com seu esposo na glória.

A Igreja é Corpo místico de Cristo por meio do batismo, rito sagrado que representa e realiza a união com a morte e ressurreição de Cristo. A cabeça deste corpo é Cristo, Ele é a imagem do Deus invisível e nele foram criadas todas as coisas e todos os membros devem se conformar com Ele, até que o próprio Cristo se forme neles.  Cristo distribui continuamente, no Seu corpo que é a 
Igreja, os dons dos diversos ministérios, com os quais, graças ao Seu poder, nos prestamos mutuamente serviços em ordem à salvação, de maneira que, professando a verdade na caridade, cresçamos em tudo para Aquele que é a nossa cabeça.

A Igreja é sociedade visível (organizada hierarquicamente) e espiritual (Corpo místico de Cristo), organizada como uma única realidade complexa, formada pelo duplo elemento humano e divino; nela Cristo se estabelece e continuamente a sustenta sobre a terra visivelmente como comunidade de fé, esperança e amor, por meio da qual difunde a verdade e a graça. Esta Igreja, constituída e organizada neste mundo como sociedade, é governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em união com ele e assim como Cristo realizou a obra da redenção na pobreza e na perseguição, assim a Igreja é chamada a seguir pelo mesmo caminho para comunicar aos homens os frutos da salvação.

CAPÍTULO II: O POVO DE DEUS
Deus escolheu a nação israelita para ser o seu povo, com ela estabeleceu uma aliança; instruiu gradualmente, manifestando-se a si mesmo e ao desígnio da própria vontade na sua história, e santificando-a para si. No entanto, todas estas coisas aconteceram como preparação da nova Aliança que em Cristo havia de ser estabelecida, chamando o Seu povo de entre os judeus e os gentios, para formar o Povo de Deus. Este povo messiânico tem por cabeça Cristo e a dignidade e a liberdade dos filhos de Deus, em cujos corações o Espírito Santo habita como num templo. A sua lei é o novo mandamento e tem por fim o Reino de Deus, o qual, começado na terra pelo próprio Deus, se deve desenvolver até ser também por ele consumado no fim dos séculos. Estabelecido por Cristo como comunhão de vida, de caridade e de verdade, este povo é também por Ele assumido como instrumento de redenção universal e enviado a toda a parte como luz do mundo e sal da terra ( Mt. 5, 13-16). 

Mas, assim como Israel é já chamado Igreja de Deus, o novo Israel se chama também Igreja de Cristo (Mt. 16,18), pois que Ele a adquiriu com o seu próprio sangue, encheu-a com o seu espírito e dotou-a dos meios convenientes para a unidade visível e social. Aos que se voltam com fé para Cristo, autor de salvação e princípio de unidade e de paz, Deus chamou-os e constituiu-os em Igreja, a fim de que ela seja para todos e cada um sacramento visível desta unidade salutar. Destinada a estender-se a todas as regiões, ela entra na história dos homens, ao mesmo tempo que transcende os tempos e as fronteiras dos povos. Caminhando por meio de tentações e tribulações, a Igreja é confortada pela força da graça de Deus que lhe foi prometida pelo Senhor para que não se afaste da perfeita fidelidade por causa da fraqueza da carne, mas permaneça digna esposa do seu Senhor.

Jesus Cristo fez do novo povo sacerdócio santo, para que, por meio de todas as obras próprias do cristão, ofereçam sacrificios espirituais e anunciem os louvores daquele que das trevas os chamou à sua admirável luz. O sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial, embora se diferenciem, ordenam-se mutuamente um ao outro; pois um e outro participam do único sacerdócio de Cristo. O sacerdócio ministerial forma e conduz o povo sacerdotal, realiza o sacrifício eucarístico fazendo as vezes de Cristo e oferece-o a Deus em nome de todo o povo; o sacerdócio comum tem parte na Eucaristia e exerce o sacerdócio na recepção dos sacramentos, na oração e ação de graças, no testemunho da santidade de vida e na caridade operosa.

O Povo santo de Deus participa também da função profética de Cristo, difundindo o seu testemunho vivo, sobretudo pela vida de fé e de caridade oferecendo a Deus o sacrifício de louvor. Além disso, o mesmo Espírito Santo não só santifica e conduz o Povo de Deus por meio dos sacramentos e ministérios e o adorna com virtudes, mas distribui também graças especiais entre os fiéis de todas as classes, as quais os tornam aptos e dispostos a tomar diversas obras e encargos, proveitosos para a renovação e cada vez mais ampla edificação da Igreja.

Ao novo Povo de Deus todos os homens são chamados (universalidade e catolicidade). Em virtude desta mesma catolicidade, cada uma das partes traz às outras e a toda a Igreja os seus dons particulares, de maneira que o todo e cada uma das partes aumentem pela comunicação mútua entre todos e pela aspiração comum à plenitude na unidade. Daí vem que o Povo de Deus não só se forma de elementos oriundos de diversos povos mas também se compõe ele mesmo de várias ordens. Todos os homens são chamados a esta unidade católica do Povo de Deus, a qual anuncia e promove a paz universal; a ela pertencem, de vários modos, ou a ela se ordenam, quer os católicos quer os outros que acreditam em Cristo quer, finalmente, todos os homens em geral, pela graça de Deus chamados à salvação.

Os fiéis católicos tem necessidade da Igreja, pois ela é instrumento de salvação, tendo Cristo como mediador e caminho. Não se salva, porém, embora incorporado à Igreja, quem não persevera na caridade. Lembrem-se, porém, todos os filhos da Igreja que a sua sublime condição não é devida aos méritos pessoais, mas sim à especial graça de Cristo; se a ela não corresponderem com os pensamentos, palavras e ações estarão bem longe de salvarem-se.

A Igreja também estabelece vínculos com os cristãos não-católicos por meio da Sagrada Escritura como norma de fé e de vida, pela fé de coração em Deus Pai, em Cristo e no Espírito Santo, que em todos atua com os dons e graças do Seu poder santificador. Deste modo, o Espírito suscita em todos os discípulos de Cristo o desejo e a prática efetiva em vista de que todos, segundo o modo estabelecido por Cristo, se unam pacificamente num só rebanho sob um só pastor. Para alcançar este fim, não deixa nossa mãe a Igreja de orar, esperar e agir, e exorta os seus filhos a que se purifiquem e renovem, para que o sinal de Cristo brilhe mais claramente no seu rosto.

Com os que não creem em Cristo, a Igreja afirma que nem a divina Providência nega os auxílios necessários à salvação àqueles que, sem culpa, não chegaram ainda ao conhecimento explícito de Deus e se esforçam por levar uma vida reta.  Para promover a glória de Deus e a salvação de todos, a Igreja é convidada sempre a pregar o Evangelho, por meio de seu caráter missionário.

A Igreja recebeu dos Apóstolos este mandato solene de Cristo, de anunciar a verdade da salvação e de a levar até aos confins da terra. Faz, portanto, suas as palavras do Apóstolo: “ai de mim, se não anunciar o Evangelho” (I Cor. 9,16), e por isso continua a mandar incessantemente os seus evangelizadores a obra da evangelização.

Roberto Bocalete

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