CREIO NA IGREJA UNA, SANTA, CATÓLICA E APOSTÓLICA
Revendo alguns materiais estudados no curso de Teologia, neste contexto do Ano da Fé, disponibilizo para leitura e reflexão um resmo dos dois primeiros capítulos da Lumen Gentium! Nada dispensa a leitura do próprio texto, contudo, está aí uma oportunidade de refletirmos sobre a Igreja e nossa fé de que caminhar em comunidade é crescer no projeto de Deus!
CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA LUMEN GENTIUM: SOBRE A IGREJA
RESUMO DOS CAPÍTULOS 1 E 2
CAPÍTULO I: O
MISTÉRIO DA IGREJA
A luz dos povos é Cristo e a Igreja, em Cristo, é como que o
sacramento e o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o
gênero humano, para que deste modo os homens todos, hoje mais estreitamente
ligados uns aos outros, pelos diversos laços sociais, técnicos e culturais,
alcancem também a plena unidade em Cristo.
O Eterno Pai, por sua sabedoria e bondade, criou o universo,
decidiu elevar os homens à participação da vida divina e não os abandonou
quando caídos, antes lhes concedeu os auxílios para se salvarem. Aos eleitos e
aos que creem em Cristo, O Pai decidiu chamá-los à santa Igreja, prefigurada já
desde o princípio do mundo e preparada na história do povo de Israel,
manifestada pela efusão do Espírito, e será gloriosamente consumada no fim dos
séculos.
Cristo, a fim de cumprir a vontade do Pai, instaurou na
terra ao Reino dos Céus e revelou-nos o seu mistério, realizando com sua
própria obediência a redenção. A Igreja cresce visivelmente no mundo pelo poder
de Deus. Tal começo e crescimento exprimem-nos o sangue e a água que brotaram
do lado aberto de Jesus crucificado e a celebração do sacrifício da cruz, que
também é obra da nossa redenção. Todos os homens são chamados a esta união com
Cristo, luz do mundo, do qual vimos, por quem vivemos, e para o qual
caminhamos.
Consumada a obra que o Pai confiou ao Filho para Ele cumprir
na terra, foi enviado o Espírito Santo no dia de Pentecostes, para que
santificasse continuamente a Igreja e deste modo os fiéis tivessem acesso ao
Pai, por Cristo, num só Espírito (Ef. 2,18). O Espírito habita na Igreja e nos
corações dos fiéis, como num templo, conduz à verdade total e unifica na
comunhão e no ministério, enriquece-a. Assim a Igreja toda aparece como um povo
unido pela unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Jesus deu início à Sua Igreja pregando a boa nova do advento
do Reino de Deus prometido desde há séculos nas Escrituras; Reino que se
manifesta na palavra, nas obras e na presença de Cristo. Também os milagres de Jesus comprovam que já
chegou à terra o Reino. A Igreja, enriquecida com os dons do seu fundador e
guardando fielmente os seus preceitos de caridade, de humildade e de abnegação,
recebe a missão de anunciar e instaurar o Reino de Cristo e de Deus em todos os
povos e constitui o germe e o princípio deste mesmo Reino na terra. Enquanto
vai crescendo, suspira pela consumação do Reino e espera e deseja juntar-se ao
seu Rei na glória.
Assim como, no Antigo Testamento, a revelação do Reino é
muitas vezes apresentada em imagens, também agora a natureza íntima da Igreja
nos é dada a conhecer por diversas imagens tiradas quer da vida pastoril ou
agrícola, quer da construção ou também da família. A Igreja é o redil, cuja
única porta e necessário pastor é Cristo; rebanho do qual o próprio Deus
predisse que seria o pastor e cujas ovelhas são guiadas e alimentadas sem
cessar pelo próprio Cristo, bom pastor. A Igreja é a agricultura ou o campo de
Deus plantada pelo celeste agricultor como uma vinha eleita; é também muitas
vezes chamada construção de Deus, tendo como fundamentos os Apóstolos,
construção que recebe vários nomes: casa de Deus (1 Tim. 3,15), habitação de Deus no Espírito (Ef. 2, 19-22),
templo santo no qual somos edificados aqui na terra como pedras vivas. A Igreja
é também descrita como esposa imaculada do Cordeiro, submissa no amor e
fidelidade. Enquanto, na terra, a Igreja peregrina longe do Senhor tem-se por
exilada, buscando e saboreando as coisas do alto, onde Cristo está sentado à
direita de Deus, e onde a vida da Igreja está escondida com Cristo em Deus, até
que apareça com seu esposo na glória.
A Igreja é Corpo místico de Cristo por meio do batismo, rito
sagrado que representa e realiza a união com a morte e ressurreição de Cristo.
A cabeça deste corpo é Cristo, Ele é a imagem do Deus invisível e nele foram
criadas todas as coisas e todos os membros devem se conformar com Ele, até que
o próprio Cristo se forme neles. Cristo
distribui continuamente, no Seu corpo que é a
Igreja, os dons dos diversos
ministérios, com os quais, graças ao Seu poder, nos prestamos mutuamente
serviços em ordem à salvação, de maneira que, professando a verdade na
caridade, cresçamos em tudo para Aquele que é a nossa cabeça.
A Igreja é sociedade visível (organizada hierarquicamente) e
espiritual (Corpo místico de Cristo), organizada como uma única realidade
complexa, formada pelo duplo elemento humano e divino; nela Cristo se
estabelece e continuamente a sustenta sobre a terra visivelmente como
comunidade de fé, esperança e amor, por meio da qual difunde a verdade e a
graça. Esta Igreja, constituída e organizada neste mundo como sociedade, é
governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em união com ele e assim como
Cristo realizou a obra da redenção na pobreza e na perseguição, assim a Igreja
é chamada a seguir pelo mesmo caminho para comunicar aos homens os frutos da
salvação.
CAPÍTULO II: O POVO DE DEUS
Deus escolheu a nação israelita para ser o seu povo, com ela
estabeleceu uma aliança; instruiu gradualmente, manifestando-se a si mesmo e ao
desígnio da própria vontade na sua história, e santificando-a para si. No
entanto, todas estas coisas aconteceram como preparação da nova Aliança que em
Cristo havia de ser estabelecida, chamando o Seu povo de entre os judeus e os
gentios, para formar o Povo de Deus. Este povo messiânico tem por cabeça Cristo
e a dignidade e a liberdade dos filhos de Deus, em cujos corações o Espírito
Santo habita como num templo. A sua lei é o novo mandamento e tem por fim o
Reino de Deus, o qual, começado na terra pelo próprio Deus, se deve desenvolver
até ser também por ele consumado no fim dos séculos. Estabelecido por Cristo
como comunhão de vida, de caridade e de verdade, este povo é também por Ele
assumido como instrumento de redenção universal e enviado a toda a parte como
luz do mundo e sal da terra ( Mt. 5, 13-16).
Mas, assim como Israel é já chamado Igreja de Deus, o novo
Israel se chama também Igreja de Cristo (Mt. 16,18), pois que Ele a adquiriu
com o seu próprio sangue, encheu-a com o seu espírito e dotou-a dos meios
convenientes para a unidade visível e social. Aos que se voltam com fé para
Cristo, autor de salvação e princípio de unidade e de paz, Deus chamou-os e
constituiu-os em Igreja, a fim de que ela seja para todos e cada um sacramento
visível desta unidade salutar. Destinada a estender-se a todas as regiões, ela
entra na história dos homens, ao mesmo tempo que transcende os tempos e as
fronteiras dos povos. Caminhando por meio de tentações e tribulações, a Igreja
é confortada pela força da graça de Deus que lhe foi prometida pelo Senhor para
que não se afaste da perfeita fidelidade por causa da fraqueza da carne, mas
permaneça digna esposa do seu Senhor.
Jesus Cristo fez do novo povo sacerdócio santo, para que,
por meio de todas as obras próprias do cristão, ofereçam sacrificios
espirituais e anunciem os louvores daquele que das trevas os chamou à sua
admirável luz. O sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial, embora
se diferenciem, ordenam-se mutuamente um ao outro; pois um e outro participam do
único sacerdócio de Cristo. O sacerdócio ministerial forma e conduz o povo
sacerdotal, realiza o sacrifício eucarístico fazendo as vezes de Cristo e
oferece-o a Deus em nome de todo o povo; o sacerdócio comum tem parte na
Eucaristia e exerce o sacerdócio na recepção dos sacramentos, na oração e ação
de graças, no testemunho da santidade de vida e na caridade operosa.
O Povo santo de Deus participa também da função profética de
Cristo, difundindo o seu testemunho vivo, sobretudo pela vida de fé e de caridade
oferecendo a Deus o sacrifício de louvor. Além disso, o mesmo Espírito Santo
não só santifica e conduz o Povo de Deus por meio dos sacramentos e ministérios
e o adorna com virtudes, mas distribui também graças especiais entre os fiéis
de todas as classes, as quais os tornam aptos e dispostos a tomar diversas
obras e encargos, proveitosos para a renovação e cada vez mais ampla edificação
da Igreja.
Ao novo Povo de Deus todos os homens são chamados
(universalidade e catolicidade). Em virtude desta mesma catolicidade, cada uma
das partes traz às outras e a toda a Igreja os seus dons particulares, de
maneira que o todo e cada uma das partes aumentem pela comunicação mútua entre
todos e pela aspiração comum à plenitude na unidade. Daí vem que o Povo de Deus
não só se forma de elementos oriundos de diversos povos mas também se compõe
ele mesmo de várias ordens. Todos os homens são chamados a esta unidade
católica do Povo de Deus, a qual anuncia e promove a paz universal; a ela
pertencem, de vários modos, ou a ela se ordenam, quer os católicos quer os
outros que acreditam em Cristo quer, finalmente, todos os homens em geral, pela
graça de Deus chamados à salvação.
Os fiéis católicos tem necessidade da Igreja, pois ela é
instrumento de salvação, tendo Cristo como mediador e caminho. Não se salva,
porém, embora incorporado à Igreja, quem não persevera na caridade. Lembrem-se,
porém, todos os filhos da Igreja que a sua sublime condição não é devida aos
méritos pessoais, mas sim à especial graça de Cristo; se a ela não
corresponderem com os pensamentos, palavras e ações estarão bem longe de
salvarem-se.
A Igreja também estabelece vínculos com os cristãos
não-católicos por meio da Sagrada Escritura como norma de fé e de vida, pela fé
de coração em Deus Pai, em Cristo e no Espírito Santo, que em todos atua com os
dons e graças do Seu poder santificador. Deste modo, o Espírito suscita em
todos os discípulos de Cristo o desejo e a prática efetiva em vista de que
todos, segundo o modo estabelecido por Cristo, se unam pacificamente num só
rebanho sob um só pastor. Para alcançar este fim, não deixa nossa mãe a Igreja
de orar, esperar e agir, e exorta os seus filhos a que se purifiquem e renovem,
para que o sinal de Cristo brilhe mais claramente no seu rosto.
Com os que não creem em Cristo, a Igreja afirma que nem a
divina Providência nega os auxílios necessários à salvação àqueles que, sem
culpa, não chegaram ainda ao conhecimento explícito de Deus e se esforçam por
levar uma vida reta. Para promover a
glória de Deus e a salvação de todos, a Igreja é convidada sempre a pregar o
Evangelho, por meio de seu caráter missionário.
A Igreja recebeu dos Apóstolos este mandato solene de
Cristo, de anunciar a verdade da salvação e de a levar até aos confins da
terra. Faz, portanto, suas as palavras do Apóstolo: “ai de mim, se não anunciar
o Evangelho” (I Cor. 9,16), e por isso continua a mandar incessantemente os
seus evangelizadores a obra da evangelização.
Roberto Bocalete
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