A Comunidade
catequizadora, caminho para o discipulado
O ser humano,
criado à imagem e semelhança de Deus que é Trindade, não pode viver só. É o
egoísmo que o leva a isolar-se em lugar de viver em comunhão, para a qual foi
feito. Jesus colocou-se neste mundo como o maior sinal de comunhão com todas as
criaturas e a todos convidou a viver em comunhão com o Pai, espelhando-se nele,
“assim como eu estou no Pai e o Pai em mim”; “eu e o Pai somos um”. Em sua despedida, transmitiu aos Apóstolos a
missão de anunciar a boa nova da salvação a todos os povos, tornando-os
discípulos e batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo e
ensinando-os o observar tudo o que Ele ensinou.
Com a força do
Espírito Santo, a partir de Pentecostes, os apóstolos continuaram a missão de
Cristo de congregar a todos na unidade da fé e do amor, formando comunidades
fraternas. No testemunho das primeiras comunidades ficou registrado o
testemunho de que quanto mais aumentavam o amor fraterno entre os irmãos, em
comunidades, tanto mais firmava-se a Igreja. Os que iam fazendo a experiência
do alegre e transformador encontro com Cristo contagiavam outros a fazê-la
também, assumindo o espírito fraterno que nele se estabelecia.
Pelo testemunho
e pelo anúncio do Evangelho, a comunidade cristã suscita novos discípulos de
Cristo. Pelo batismo, insere-os na vida eclesial e torna-os seus membros. Em
seu zelo pastoral, deve oferecer-lhes os necessários e oportunos meios de
aprofundamento na vida nova assumida. Ela não só deve gerar, mas também formar
os novos membros. Para isto, precisa manter, com ardor sempre renovado,
metodologia adequada e linguagem atualizada, a catequese permanente, a formação
bíblica, a iniciação e a celebração litúrgica, a devoção mariana, a piedade
popular, o acompanhamento às famílias e tudo mais que o Espírito lhe suscitar e
a realidade exigir.
Por outro lado,
todo membro de comunidade cristã deve participar intensamente de suas
atividades, assumindo serviços comunitários e ministérios conforme os dons que
Deus lhe concede. Particular atenção dará à celebração litúrgica dominical,
especialmente a Eucaristia. Esta participação litúrgica é indispensável para
todo batizado ser um discípulo missionário maduro (DAp 252).
Assumindo com
alegria e gratidão a graça da vida nova em Cristo, todo discípulo fará da
comunidade cristã na qual foi inserido sua segunda família. Quanto mais dela
participar, mais profundos e fortes se tornarão os laços que o unem a ela. Por
sua vez, toda comunidade cristã se renovará constantemente em Cristo, a fim de
ser para todos os seus membros, “casa e escola de comunhão”, na qual se
exercitam para relações solidárias e fraternas na sociedade competitiva e
desigual em que vivem. É a grande meta da catequese que forma para o
discipulado que tem um caráter processual capaz de fortalecer os vínculos dos
catequizandos na sua comunidade de origem.
Os desafios do
contexto familiar na educação da fé
A realidade
atual, marcada por contrastes e mudanças rápidas, modismos, crises de valores e
de paradigmas, atinge diretamente a estrutura familiar. As crianças,
adolescentes e jovens, neste contexto são os mais vulneráveis. A Igreja
doméstica de outrora, em certos ambientes familiares, se perdeu. Os pais estão,
em sua maioria, perplexos diante do contexto atual e sem saber como agir frente
aos desafios de educar seus filhos e principalmente no tocante a educação da
fé. Por isso, “a Igreja os prioriza como um importante desafio para o presente
e o futuro” (DNC 187).
Durante um
longo período na história, a Igreja investia suas maiores e melhores forças na
preparação de crianças e sempre em vista da recepção dos sacramentos, seja da
eucaristia, seja da crisma, e, isso, com um cunho meramente doutrinal. Hoje,
impõe-se um novo modo de fazer catequese, que leve em conta a colaboração e a
participação efetiva dos pais. É urgente uma catequese que envolva toda a
família.
Diante dos
desafios da realidade cotidiana em que a família está embrenhada, faz-se
necessário uma catequese que atinja primeiramente os pais. Ensina-nos o DNC
“Não se pode imaginar uma catequese com jovens, adolescentes e crianças sem um
trabalho específico com os pais”. O testemunho cristão familiar é insubstituível, pelo
exemplo, sensibilização e pratica da fé. Mas para chegar a isso, devemos fazer
um longo caminho, enquanto isso, o catequista tem uma tarefa ainda mais
delicada e urgente, a ser desenvolvida com muito carinho, sensibilidade,
dedicação e persistência.
Os familiares devem ser a prioridade no fazer catequético da Igreja de nossos dias, pois, é
no seio da família que brota a disponibilidade e a educação para a vivência da
religiosidade. “De fato, a catequese familiar precede, acompanha e enriquece
todas as outras formas de catequese”. É na vida cotidiana da família que os
pais, por seu dever que deriva do compromisso cristão e humano de educar para
os valores do Evangelho, conduzem “até o ponto em que a própria vida de família
se torna itinerário de fé e escola de vida cristã. À medida que os filhos
crescem, também o intercâmbio se faz recíproco e, num diálogo catequético deste
tipo, cada um recebe e dá alguma coisa” (DGC, n.227).
No contexto
atual, o catequista deve prestar muita atenção às famílias, envolvendo-as, cada
vez mais, no compromisso catequético e de construção comunitária. A comunidade
precisa responsabilizar-se pela tarefa educativa da fé das novas gerações para
fortificar-se a si mesma e para que, permanentemente, ela seja renovada e
dinamizada; e envolver as famílias para tal é parte inerente da missão do
catequista, pois em seu ministério deve ter consciência de ser o elo entre todos
os pólos da comunidade cristã.
**Roberto Bocalete.
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