sábado, 4 de agosto de 2012


A Comunidade catequizadora, caminho para o discipulado

O ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus que é Trindade, não pode viver só. É o egoísmo que o leva a isolar-se em lugar de viver em comunhão, para a qual foi feito. Jesus colocou-se neste mundo como o maior sinal de comunhão com todas as criaturas e a todos convidou a viver em comunhão com o Pai, espelhando-se nele, “assim como eu estou no Pai e o Pai em mim”; “eu e o Pai somos um”.  Em sua despedida, transmitiu aos Apóstolos a missão de anunciar a boa nova da salvação a todos os povos, tornando-os discípulos e batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os o observar tudo o que Ele ensinou.
Com a força do Espírito Santo, a partir de Pentecostes, os apóstolos continuaram a missão de Cristo de congregar a todos na unidade da fé e do amor, formando comunidades fraternas. No testemunho das primeiras comunidades ficou registrado o testemunho de que quanto mais aumentavam o amor fraterno entre os irmãos, em comunidades, tanto mais firmava-se a Igreja. Os que iam fazendo a experiência do alegre e transformador encontro com Cristo contagiavam outros a fazê-la também, assumindo o espírito fraterno que nele se estabelecia.
Pelo testemunho e pelo anúncio do Evangelho, a comunidade cristã suscita novos discípulos de Cristo. Pelo batismo, insere-os na vida eclesial e torna-os seus membros. Em seu zelo pastoral, deve oferecer-lhes os necessários e oportunos meios de aprofundamento na vida nova assumida. Ela não só deve gerar, mas também formar os novos membros. Para isto, precisa manter, com ardor sempre renovado, metodologia adequada e linguagem atualizada, a catequese permanente, a formação bíblica, a iniciação e a celebração litúrgica, a devoção mariana, a piedade popular, o acompanhamento às famílias e tudo mais que o Espírito lhe suscitar e a realidade exigir.
Por outro lado, todo membro de comunidade cristã deve participar intensamente de suas atividades, assumindo serviços comunitários e ministérios conforme os dons que Deus lhe concede. Particular atenção dará à celebração litúrgica dominical, especialmente a Eucaristia. Esta participação litúrgica é indispensável para todo batizado ser um discípulo missionário maduro (DAp 252).
Assumindo com alegria e gratidão a graça da vida nova em Cristo, todo discípulo fará da comunidade cristã na qual foi inserido sua segunda família. Quanto mais dela participar, mais profundos e fortes se tornarão os laços que o unem a ela. Por sua vez, toda comunidade cristã se renovará constantemente em Cristo, a fim de ser para todos os seus membros, “casa e escola de comunhão”, na qual se exercitam para relações solidárias e fraternas na sociedade competitiva e desigual em que vivem. É a grande meta da catequese que forma para o discipulado que tem um caráter processual capaz de fortalecer os vínculos dos catequizandos na sua comunidade de origem.
 
Os desafios do contexto familiar na educação da fé
A realidade atual, marcada por contrastes e mudanças rápidas, modismos, crises de valores e de paradigmas, atinge diretamente a estrutura familiar. As crianças, adolescentes e jovens, neste contexto são os mais vulneráveis. A Igreja doméstica de outrora, em certos ambientes familiares, se perdeu. Os pais estão, em sua maioria, perplexos diante do contexto atual e sem saber como agir frente aos desafios de educar seus filhos e principalmente no tocante a educação da fé. Por isso, “a Igreja os prioriza como um importante desafio para o presente e o futuro” (DNC 187).
Durante um longo período na história, a Igreja investia suas maiores e melhores forças na preparação de crianças e sempre em vista da recepção dos sacramentos, seja da eucaristia, seja da crisma, e, isso, com um cunho meramente doutrinal. Hoje, impõe-se um novo modo de fazer catequese, que leve em conta a colaboração e a participação efetiva dos pais. É urgente uma catequese que envolva toda a família.
Diante dos desafios da realidade cotidiana em que a família está embrenhada, faz-se necessário uma catequese que atinja primeiramente os pais. Ensina-nos o DNC “Não se pode imaginar uma catequese com jovens, adolescentes e crianças sem um trabalho específico com os pais”. O testemunho cristão familiar é insubstituível, pelo exemplo, sensibilização e pratica da fé. Mas para chegar a isso, devemos fazer um longo caminho, enquanto isso, o catequista tem uma tarefa ainda mais delicada e urgente, a ser desenvolvida com muito carinho, sensibilidade, dedicação e persistência.
Os familiares devem ser a prioridade no fazer catequético da Igreja de nossos dias, pois, é no seio da família que brota a disponibilidade e a educação para a vivência da religiosidade. “De fato, a catequese familiar precede, acompanha e enriquece todas as outras formas de catequese”. É na vida cotidiana da família que os pais, por seu dever que deriva do compromisso cristão e humano de educar para os valores do Evangelho, conduzem “até o ponto em que a própria vida de família se torna itinerário de fé e escola de vida cristã. À medida que os filhos crescem, também o intercâmbio se faz recíproco e, num diálogo catequético deste tipo, cada um recebe e dá alguma coisa” (DGC, n.227).
No contexto atual, o catequista deve prestar muita atenção às famílias, envolvendo-as, cada vez mais, no compromisso catequético e de construção comunitária. A comunidade precisa responsabilizar-se pela tarefa educativa da fé das novas gerações para fortificar-se a si mesma e para que, permanentemente, ela seja renovada e dinamizada; e envolver as famílias para tal é parte inerente da missão do catequista, pois em seu ministério deve ter consciência de ser o elo entre todos os pólos da comunidade cristã.

**Roberto Bocalete.

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