sábado, 18 de agosto de 2012

QUERIGMA E CATEQUESE: ANÚNCIO DA PESSOA DE JESUS 

O nome bíblico revela a missão e a identidade:
JESUS: “Yeshuá” (aramaico): Deus (identidade)  salva (missão)
CRISTO: “cristós” (grego)/ “meshiah” (hebraico): messias (enviado), ungido (pelo Espirito para missão de rei, sacerdote e profeta), escolhido

ENCARNAÇÃO (AUTO-COMUNICAÇÃO DE DEUS)
O Verbo se fez carne: a) para salvar a humanidade; b) para reconciliar o homem e Deus; c) para que o homem tivesse acesso ao dom de Deus; d) para ser o novo modelo de santidade; e) para tornar-nos participantes da natureza divina; f) para trazer a vida em abundância, sendo o caminho, a verdade e a vida.
Jesus Cristo “rosto humano de Deus e rosto divino do homem”. “Na realidade, tão só o mistério do Verbo encarnado explica verdadeiramente o mistério do homem. Cristo, na própria revelação do mistério do Pai e de seu amor, manifesta plenamente o homem ao próprio homem e descobre sua altíssima vocação”
Diante das estruturas de morte, Jesus faz presente a vida plena. “Eu vim para dar vida aos homens e para que a tenham em abundância” (Jo 10,10). Por isso, cura os enfermos, expulsa os demônios e compromete os discípulos na promoção da dignidade humana e de relacionamentos sociais fundados na justiça.
 Jesus é o Filho de Deus, a Palavra feito carne (cf. Jo 1,14), verdadeiro Deus e verdadeiro homem, prova do amor de Deus aos homens. Sua vida é uma entrega radical de si mesmo a favor de todas as pessoas, consumada definitivamente em sua morte e ressurreição. Por ser o Cordeiro de Deus, Ele é o Salvador.
Sua paixão, morte e ressurreição possibilita a superação do pecado e a vida nova para toda a humanidade. N’Ele, o Pai se faz presente, porque quem conhece o Filho conhece o Pai (cf. Jo 14,7).
Diante de uma vida sem sentido, Jesus nos revela a vida íntima de Deus em seu mistério mais elevado, a comunhão trinitária. É tal o amor de Deus, que faz do homem, peregrino neste mundo, sua morada: “Viremos a ele e viveremos nele” (Jo 14,23).
Diante do desespero de um mundo sem Deus, que só vê na morte o final definitivo da existência, Jesus nos oferece a ressurreição e a vida eterna na qual deus será tudo em todos (cf. 1 Cor 15,28). Diante da idolatria dos bens terrenos, Jesus apresenta a vida em Deus como valor supremo: “de que vale alguém ganhar o mundo e perder a sua vida?” (Mc 8,36).
 Jesus convida o discípulo a gastar sua vida como sal da terra e luz do mundo. Diante do individualismo, Jesus convoca a viver e caminhar juntos. A vida cristã só se aprofunda e se desenvolve na comunhão fraterna. Jesus nos disse “um é seu mestre e todos vocês são irmãos” (Mt 23,8). Diante da  despersonalização, Jesus ajuda a construir identidades integradas. A própria vocação, a própria liberdade e a própria originalidade são dons de Deus para a plenitude e a serviço do mundo.
 Diante da exclusão, Jesus defende os direitos dos fracos e a vida digna de todo ser humano. De seu Mestre, o discípulo tem aprendido a lutar contra toda forma de desprezo da vida e de exploração da pessoa humana. Diante da natureza ameaçada, Jesus que conhecia o cuidado do Pai pelas criaturas que Ele alimenta e embeleza (cf Lc 12,28), convoca-nos a cuidar da terra para que ela ofereça abrigo e sustento a todos os homens (cf. Gn 1,29; 2,15)

 A EXPERIÊNCIA DO ENCONTRO PESSOAL
A experiência não se transmite normalmente de modo nocional, mas pela convivência, ou propicia-se a pessoa fazer ela mesma a experiência em questão. Quando uma experiência é importante, fundamental, afeta a totalidade e a profundidade da existência, permitindo uma interpretação da totalidade da realidade.
A experiência do encontro será esclarecida por meio de passos que clareiam o caminho, mas respeita o existencial, estando aberto à criatividade.
A admiração pela pessoa de Jesus, seu chamado e seu olhar de amor despertam uma resposta consciente e livre desde o mais íntimo do coração do discípulo, uma adesão de toda sua pessoa ao saber que Cristo o chama por seu nome (cf. Jo 10,3). É um “sim” que compromete radicalmente a liberdade do discípulo a se entregar a Jesus, Caminho, Verdade e Vida (cf. Jo 14,6). É uma resposta de amor a quem o amou primeiro “até o extremo” (cf. Jo 13,1). A resposta do discípulo amadurece neste amor de Jesus: “Te seguirei por onde quer que vás” (Lc 9,57).

PESSOA DE JESUS CHAMA A PESSOA HUMANA PARA A EXPERIÊNCIA DE ENCONTRO
Discípulos de Emaús: Lc 24, 13-34 (caminhar, ouvir, celebrar e o agir: discipulado)
Cura da hemorroíssa: Mc 5, 25-34 (o toque que liberta)
Samaritana: Jo 4, 1-25 (encontro com a fonte da vida)
Os cegos de Jericó: Mt 20, 29-34 (encontro que ilumina)
Lava-pés : Jo 13, 1-15 (humildade e o serviço)

QUE FAZ NASCER A VOCAÇÃO AO DISCIPULADO
O discípulo experimenta que a vinculação íntima com Jesus no grupo dos seus é participação da Vida saída das entranhas do Pai, é se formar para assumir seu estilo de vida e suas motivações (cf. Lc 6,40b), viver seu destino e assumir sua missão de fazer novas todas as coisas.
 Jesus faz dos discípulos seus familiares, porque compartilha com eles a mesma vida que procede do Pai e lhes pede, como discípulos, uma união íntima com Ele, obediência à Palavra do Pai, para produzir frutos de amor em abundância. 
Para ficar parecido verdadeiramente com o Mestre é necessário assumir a centralidade do Mandamento do amor, que Ele quis chamar seu e novo: “Amem-se uns aos outros, como eu os amei” (Jo 15,12). Este amor, com a medida de Jesus, com total dom de si, além de ser o diferencial de cada cristão, não pode deixar de ser a característica de sua Igreja, comunidade discípula de Cristo, cujo testemunho de caridade fraterna será o primeiro e principal anúncio, “todos reconhecerão que sois meus discípulos” (Jo 13,35).
 Bento XVI nos recorda que: “o discípulo, fundamentado assim na rocha da Palavra de Deus, sente-se motivado a levar a Boa Nova da salvação a seus irmãos. Discipulado e missão são como os dois lados de uma mesma moeda: quando o discípulo está enamorado de Cristo, não pode deixar de anunciar ao mundo que só Ele salva (cf. At 4,12).

**Roberto Bocalete, palestra ministrada para jovens crismandos!

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