segunda-feira, 13 de agosto de 2012


CATEQUESE E SACRAMENTOS
MINISTÉRIO CURATIVO DE JESUS

Os sacramentos do Novo Testamento são entendidos como ato pessoal do próprio Jesus, ou como ação salvífica que brota do Pai e se visualiza em sua relação com o humano. É nas ações de Jesus que encontramos fundamentação antropológica e teológica dos sacramentos cristãos.  O ser humano enquanto realidade corpóreo-espiritual, é mistério que se revela por meio das possibilidades implicadas para corporeidade. Se olharmos os Evangelhos, poderemos observar que a ação curativa de Jesus é um dos seus mistérios mais importantes. Não resta dúvida que o Senhor exerceu com plena consciência um ministério de cura que é origem dos sacramentos. Não há dúvida que no ministério curativo de Jesus dão-se os elementos suficientes para dizer que Jesus institui sacramentos autênticos de Cura.
Podemos dizer que o ser humano é ser sacramental porque expressa sua realidade última em ações simbólicas, nas quais manifestam sua realidade pessoal e transcendental. Tal experiência não cai no vazio ou mera subjetividade; encontra sua resposta objetiva na pessoa e no ministério de Jesus, no maior originário de sua missão, porque Deus o ungiu e o encheu de poder para fazer o bem e curar os oprimidos.
Jesus com sua vida e suas ações salvíficas, provoca encontros da ação amorosa do Pai com o ser humano: Jesus é instrumento da ação redentora. Graças a corporalidade de Jesus podemos entender sacramentalmente Deus como aquele que cura e salva os enfermos, marginalizados e pecadores. Em Cristo, acha-se presente a história da graça salvífica de Deus, na qual os gestos e sinais de Jesus são sinal e causa de graça santificante. O objeto do ministério curativo de Jesus é sentir a ação amorosa de Deus em nós: sermos amados por Jesus é sermos amados por Deus, sermos perdoados por Deus é renascer como filhos à filiação divina. A cura que Jesus oferece supõe uma ação de recuperação da vida perdida, o crescimento positivo das pessoas, a libertação do pecado social e suas consequências sociais, o perdão e a paz e a esperança clara da vitória sobre as forças do mal.
Jesus é o grande sacramento de Deus para o homem e do homem para Deus, por isso sua sacramentalidade é sanante, revelando-nos Deus como amigo da vida e sanador do ser humano. Jesus cura apelando à fé humana, diante de cuja resposta positiva não há mal que se detenha, já que ele, em sua condição de enviado do Pai, tem o poder sobre a vida e a morte. Esta perspectiva serve de fonte de inspiração para o futuro, no qual o ministério curativo de Jesus é dado a seus discipulos, e entre as ações próprias do anúncio do Evangelho figuram as que se referem a este ministério de cura que Jesus exerceu (Mt 10,1-8).
Essa atividade curativa é que caracteriza de maneira clara a missão de Jesus como enciado do Pai, na qual se revela plenamente que tipo de liberdade que Deus oferece aos humanos (Mt 12,28). A cura que Jesus oferece é ação integral da pessoa que revela a forma na qual temos de viver a salvação de Deus, como resposta à nossa fragilidade. Daqui entendemos que a conversão ao Deus vivo suscita uma realidade pessoal nova que nos permite crescer em vida madura e harmômica em todos os níveis. Converter-se ao evangelho e viver os valores que encarna Jesus Cristo, é por-se em caminho para a cura autêntica que conduz à maturidade da pessoa.
Com o mestre, a Igreja verá em tais sinais a força da fé no poder de Deus e o poder de seu amor misericordioso que sana radicalmente o humano de todos os males. Os sacramentos que brotam do ministério saneador de Jesus tornam sacramentalmente visível o nascer do novo (Jo 3,3), que implica a libertação do pecado, de falsas culpabilidades, abrindo-nos a elevação de todo o nosso ser, a fim de podermos ser o manancial do qual brota a vida verdadeira (Jo 4,14; 14,6). Não resta dúvida de que a força saneadora que saía de Jesus era o amor, que é expresso de muitas maneiras, na forma de agir de Jesus, em seus ensinamentos e nas parábolas. O amor sana e a forma que Jesus teve de existir e relacionar-se com as pessoas foi o amor, que realmente cura o ser humano.
A ação evangelizadora e sacramental da Igreja, à semelhança da de Jesus, é acompanhada de sinais sacramentais entre os quais figura a cura (At 2,43); e entre os carismas que o Senhor confere aos fieis em vista da edificação da comunidade, aparece o de curar. Um dos conteúdos essenciais do anúncio da chegada do Reino, que os discípulos farão, é a ação curativa do evangelho (Lc 10,8-9): estar no meio do mundo, curar o que há enfermo, e daí anunciar que este é sianl de queo Reino está se realizando.
Ao estruturar a presença sacramental de Cristo na comunidade, a Igreja não esqueceu que a verdade de sua presença no mundo passa pelos sinais de cura que vai realizando na e celebrando nos sinais dos sacramento de cura. Dessa forma, a igreja será testemunha verdadeira daquele que é fonte de vida e salvação, enviando-nos a anunciar o Reino de Deus e sanar o humano de todo o mal e sofrimento.


** Roberto Bocalete, Especialista em Pedagogia catequética

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