BÍBLIA E CATEQUESE
A AUTORIDADE DA
BÍBLIA
O cristianismo
não pode ser considerado como religião do livro, mas da Revelação. Nossa fé não está na Bíblia (como conjunto de
escritos), mas naquele a quem a Bíblia se refere: Deus. A Revelação não se deu
em um só instante nem de forma escrita, mas ao longo da história, a pessoas
concretas e através de acontecimentos vividos que foram compreendidos como
reveladores por essas pessoas de fé, as quais interpretam como tais. A fé
existiu antes que se escrevesse uma só linha; a fé brotou das manifestações de
Deus neste mundo. A Bíblia não tem autoridade em si e nem por si mesma, mas em
relação a Deus.
A autoridade da Bíblia não radica nos
acontecimentos mesmos que ali são relatados; tampouco está nas palavras e
discursos ali escritos, mas no fato de que o escrito remete a alguém que está
na sua origem: Deus revelador e inspirador.
A Bíblia é um
conjunto de textos que são testemunhos de vivências que foram interpretadas
como reveladoras de Deus; o que encontramos na Bíblia não são os acontecimentos
ou vivências mesmas (pertencentes ao passado), mas testemunhos deles,
compreendidos e interpretados (por inspiração divina) como manifestações da
presença de Deus orientadora na história, escritos bem posterior ao fato,
elaborado por diversas reinterpretações. O que é narrado tem o peso autoritário
daquele que nos remete: Deus.
Pode-se afirmar
a partir daí que a Bíblia é autoridade ultima e suprema em matéria teológica?
Para os fundamentalistas sim, mas para os que interpretam a Bíblia levando em
consideração as orientações da Igreja, sabe que ela, como qualquer outro texto,
não tem autoridade última e suprema. A Bíblia é limitada e condicionada por
diversos fatores (do tempo de sua composição), nela encontram-se diversos erros
científicos e históricos.
A Bíblia não é
um manual de respostas aos problemas e de respostas válidas para todos os
tempos. Muitos de seus textos precisam de novas respostas como também, ainda é
possível ser transposto no presente, por responderem problemas sobre o sentido
e o fundamento da existência humana.
Embora a
autoridade da Bíblia não possa ser demonstrada objetivamente, um indício dela é
o impacto e a eficácia que ela teve na vida de muitas pessoas ao longo dos
séculos. A Bíblia mostra sua autoridade em sua capacidade de questionar seriamente
as pessoas, de ser para elas uma instância crítica que toca as fibras de suas
vidas. Critica a arrogância e o egoísmo que se expressam de múltiplas maneiras.
Critica os abusos no âmbito social, político e religioso. Critica a tendência
em querer manipular a Deus e, até, a fabricar deuses como escolha de
escravidão. Critica a hipocrisia e a superficialidade, a autosuficiência e a
soberba... em nome de Deus e com vistas ao bem estar e à felicidade das
pessoas.
Em síntese, a autoridade da Bíblia não reside
nos escritos como tais, mas na autoridade de quem se revelou e continua se
revelando, de quem inspirou e continua inspirando: Deus. Os escritos da Bíblia,
que são um conjunto muito rico e variado de testemunhos de fé vivida, são
mediações que nos remetem a Deus. A autoridade da Bíblia continua eficaz,
porque mostra o caminho da relação de fé entre Deus e o homem, o caminho de
nossa salvação – felicidade e realização em plenitude. Sua autoridade se
manifesta em seu poder de dar forma à nossa realidade, de transformá-la e
conduzi-la pelo caminho traçado por Deus.
AUTORIDADE:
Deus é fonte da Revelação e da
Interpretação
A fé está na pessoa (Deus) a
quem se refere e não no escrito
Por detrás da Bíblia há valores
humanos (estilo, língua, linguagem, ideologias humanas, contexto,
interpretações)
Autoridade da Bíblia está no
fato de ser testemunho de fé fundante
** Roberto Bocalete, fonte de pesquisa "A Bíblia sem mitos" de Eduardo Arens
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