A PESSOA DO CATEQUISTA PARA INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ
Para elaborar e aplicar os
encontros catequéticos que respondam ao desafio da iniciação à vida cristã é
preciso que o catequista seja alguém vocacionado, motivado e iniciado; cristão
que tendo feito a experiência do encontro pessoal com Jesus Cristo, torna-se
discípulo, e por isso, favorece sua experiência aos demais. É importante que
seja uma pessoa que testemunhe sua fé na comunidade cristã e se deixa guiar
pelo Espírito Santo, consciente de que não atua sozinho (Formação de Catequistas - CNBB, 2006,
p. 22).
Sendo pedagogo, o catequista
conduz os interlocutores na educação para a fé, inicia no saber e na
consciência; como mistagogo, inicia nos mistérios divinos, na experiência
celebrativa e na dinâmica sacramental. Convertidos e evangelizados, os
educadores da fé elaboram itinerários enriquecidos de propostas iniciáticas,
geradoras de mudança de mentalidade. Consciente de se papel de discípulo,
cultiva na vida dos interlocutores uma identidade cristã “sedenta de Deus”,
aprofundada na amizade com o Senhor, inserida na comunidade, exercida no
cotidiano (O caminho de um novo paradigma para catequese. CELAM 2008, p.37-9).
O catequista é essencial para que
o processo iniciático aconteça: é convidado a conduzir seus interlocutores para
o mergulho na experiência de fé, rendendo-se de forma profunda diante do
mistério escondido no Pai, revelado em Jesus Cristo por seu Espírito. Precisa
despertar a convicção pela autenticidade cristã e o discipulado, por isso, o
tom celebrativo, com a força da liturgia, ajuda a alimentar e nutrir a
espiritualidade necessária para o cristão hoje. Como pedagogo e mistagogo, deve
cuidar por não catequizar por demais a cabeça e pouco o coração, sendo
desafiado a propor um caminho experiencial e de transformação pessoal, isto é,
conversão.
Assim, a grandeza do catequista está na sua
missão iniciática: ele ajuda a construir o edifício espiritual, doutrinal e
comunitário do catequizando; é o alicerce que precisa estar sólido para manter
o edifício sempre de pé. Em Jesus Cristo, ponto de referência do catequista,
encontra-se três características centrais que marcam a vida de um mistagogo: a
presença do Deus revelado entre nós, a pedagogia com a qual conduz e acompanha
o iniciante, e a experiência mística ( Formação de catequistas para o processo de iniciação cristã, SANTOS, 2009, p. 9).
O novo catequista procurará
desenvolver um projeto de formação permanente e global suscitando a conversão e
o crescimento na fé. Itinerário sistemático e orgânico com a finalidade de
educar à maturidade na fé e a transmissão da mensagem cristã. Esta mensagem
deverá ser gradual focalizando sempre no essencial, a pessoa e os ensinamentos
de Jesus Cristo, favorecendo a dinâmica do encontro e do discipulado. É
importante acentuar também a capacidade do catequista em transmitir aos outros
suas experiências de vida cristã (Formação de catequistas para o processo de iniciação cristã, SANTOS, 2009, p.9).
Irmã Aparecida Barboza, no VII
SULÃO de Catequese, em agosto de 2011, destacou alguns elementos importantes
para que o catequista desempenhe seu papel educativo de forma eficaz: que seja
ouvinte, discípulo e animado pela Palavra, já que desempenha um ministério a
serviço da Palavra e do profetismo. Na
verdade, o catequista deve crescer na fé, alimentar-se diariamente da Palavra
de Deus e colocar-se a serviço da mesma com ardor missionário. É esta Palavra
ouvida, meditada, celebrada contemplada e testemunhada que sustenta a pessoa do
catequista dando o estímulo necessário para o bom desempenho de sua missão
catequética de anunciador. A serviço da
Palavra, o catequista se realiza através do testemunho, que se exprime numa
interação da fé com a vida, garantindo a autenticidade do seu ministério.
Outra dimensão destacada é a do
catequista como profeta e testemunha, pessoa que em toda sua vida e missão é
autêntico testemunho entre o que ensina e vive; a fé que educa e que comunica
é, antes de tudo, vivenciada. Como profeta, o catequista sabe contemplar a
realidade com o olhar de Deus: é capaz de ver, interpretar, anunciar e
denunciar, propondo caminhos de vida e valorização humana.
O catequista mestre é alguém que
sabe transmitir. Ensina com sabedoria, une sua ação de pessoa responsável com a
ação do mistério da graça de Deus; na qualidade de mestre, e a exemplo do
Mestre Jesus, se coloca na dinâmica da igualdade como aquele que ensina com
autoridade e humildade. Seu saber toca o coração dos interlocutores, contagia
os demais e aquece o coração. É um entusiasta e encantado com aquilo que faz.
Nenhum catequista nasce pronto, a
partir do ministério consciente e responsável vai adquirindo experiência e
crescendo gradativamente. Por isso, a formação catequética é essencial para que
o catequista desempenhe seu papel com consciência e tenha segurança no
exercício do ministério; é um longo caminho a ser percorrido, por meio da
aquisição de diversos conhecimentos e de práticas iluminadas pela reflexão bíblico-teológica
e metodológica (DNC, 2006. p.153).
O perfil do catequista é um ideal
a ser conquistado e para isso, é importante que desenvolva as dimensões do ser,
saber, saber fazer em comunidade . O catequista dever ser pessoa equilibrada e
madura, pessoa de espiritualidade e alegre no serviço ao Reino; pessoa
integrada no seu tempo e identificada com sua gente, com abertura para
relacionar-se e conviver em comunidade; pessoa de comunhão, com capacidade de
discernimento e que busca cultivar sua formação (VII SULÃO DE CATEQUESE, p.
26-7, 2011).
Quanto ao “saber intelectual” do
educador da fé, destaca-se: suficiente conhecimento da Palavra de Deus;
conhecimento dos elementos básicos que formam o núcleo de nossa fé;
familiaridade com as ciências humanas, sobretudo pedagógicas (Antropologia,
Psicologia, Pedagogia, Sociologia); conhecimento das referências doutrinais e
de orientação (Documentos e estudos); conhecimento suficiente da pluralidade
cultural e religiosa, da realidade local, da história dos fatos, acontecimentos,
festas da comunidade, como terreno para uma boa semeadura da mensagem.
O “saber fazer” do catequista é
marcado pela convivência, diálogo, amizade, partilha, educação, planejamento,
dedicação, linguagem acessível e amorosa, que facilita e conduz seus
catequizandos no caminho iniciático; educa na fé superando as improvisações e a
boa vontade, por meio da tônica celebrativa, através de palavras, gestos,
símbolos, sinais e ritos; evangeliza pelo fato de ser especialista em ternura,
educando pelas atitudes de afeto, acolhida, compaixão e misericórdia.
O catequista para iniciar na fé
precisa trabalhar em comunhão com a comunidade, no grupo de catequistas e com
seu grupo de catequizandos; precisa desenvolver a mentalidade de evangelizar em
pequenos grupos, dialogar sempre e estar atento as dúvidas que emergem durante
o encontro. Saber ouvir, saber educar para a comunhão e participação, ter
clareza de seu papel como educador, são passos importantes no saber fazer do
catequista.
A partir da assimilação destas
dimensões, o catequista crescerá na responsabilidade de seu ministério, na
perseverança, na alegria e no otimismo. Saberá trabalhar em equipe e
testemunhar, com sua vida, o amor pelos seus amigos de caminhada. A experiência
de fé e a mística são instrumentos eficazes para que o catequista desenvolva um
encontro iniciático: um catequista consciente de sua vocação, de seu
compromisso ministerial, da necessidade da formação permanente, das dimensões
pedagógicas e mistagógicas na sua prática, é ponto de partida acertado para uma
catequese frutuosa, ventre fecundo de autenticidade cristã, caminho eficaz para
o discipulado.
*Roberto Bocalete
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