segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Ola catequistas, e todo povo de Deus! Hoje vamos aprofundar o ciclo de Jacó, um dos nossos patriarcas! Bíblia nas mãos: façamos uma leitura atenta! Bons estudos e abraços...

LIVRO DO GÊNESIS (V)

2. O Ciclo de Isaac e de Jacó (Gn 25,19  - 37-1)
A história dos patriarcas não é história somente de indivíduos, como já salientado, mas de grupos que estão na base da formação de Israel. Os grupos principais são de Abraão e Jacó. O grupo de Isaac serve de ligação genealógica entre os dois primeiros e faz parte do grupo de Abraão. (STORNIOLO, 1990, p. 43)

A história de Jacó ocupa maior parte do livro, porque é nela que as tribos encontram suas raízes. O ciclo de Jacó tem suas próprias características. Para Balancin (2009, p. 60-61), provavelmente formava uma história independente antes de fazer parte do livro do Gênesis. A historia de Jacó é mais unificada que a história de Abraão e pode-se focalizar facilmente a unidade narrativa que descreve os conflitos de Jacó com seu irmão Esaú e com seu tio Labão.

O ciclo de Jacó pode ser assim dividido:
a) Os episódios da rivalidade entre Esaú e Jacó – roubo da primogenitura e da bênção (Gn 25, 27 – 34; 27,1 – 45)
b) A visão de Betel (Gn 28)
c) Os conflitos entre Jacó e seu tio/sogro/patrão Labão (Gn 29,1 – 32, 1)
d) O retorno à terra de Canaã (Gn 32 – 33; 35, 1 – 8. 16 – 20) 

A história de Jacó surgiu no norte e está vinculada a lugares próprios do norte: Betel, Siquem ou Fanuel.

2.1. A rivalidade entre Esaú e Jacó (Gn 25, 27 – 34; 27, 1 – 45)
Conforme Storniolo (1990, p.44) a história de Esaú e Jacó é desde o início uma história de conflito. Esaú perde seu direito de filho mais velho quando Jacó, aliado a sua mãe Rebeca, usa um estratagema para conseguir a bênção do pai reservada ao filho mais velho. Jacó tem que pagar pela trapaça, por isso foge para longe, para agora ser enganado por seu tio Labão.  

De acordo com Balancin, essa historia requer, dentro do contexto, uma reconciliação (Gn 32,4 – 33,11) e uma nova separação (Gn 33,12 – 17). Além dos elementos étnicos e etiológicos que aí são encontrados, é interessante salientar uma outra perspectiva:  a retomada da fraternidade. É dentro dessa perspectiva que vamos encontrar o episódio da assustadora noite junto ao rio de Jaboc (Gn 32, 23 – 33). ‘e uma questão de vida ou morte que requer uma renovação interior para que não haja um total endurecimento do coração.

Voltando para casa, depois de vinte anos fora, segundo Dattler (1984, p.177) Jacó vai ter que enfrentar o seu irmão que enganou, vai ter que se haver com seu passado fraudulento em relação a Esaú, e para isso terá que passar por um processo de amadurecimento. A mensagem do episódio é clara: Jacó precisa ser encorajado em vésperas do encontro temido com Esaú.

A tentativa de agradar ou fugir do irmão não funciona, pois o sentimento de culpa apodera-se de Jacó, que ao tentar subornar Esaú com presentes, ainda não reconhece claramente sua culpa e não pede perdão. Para que haja esse reconhecimento, Jacó fica só e passa a noite a encarar sua sombra e o desconhecido (episodio no rio Jaboc): “e alguém lutou com ele até surgir a aurora. Vendo que ele não o dominava, tocou-lhe na articulação da coxa, e a coxa de Jacó se deslocou enquanto lutava com ele (vv. 25-26). A angústia de Jacó de não se separar do misterioso ser provém do fato de ele querer ser abençoado e para receber a bênção, terá antes o nome mudado: “ não te chamarás mais Jacó, mas Israel” (v.29), isto é, recebe uma nova missão dentro do projeto de Deus: ser bênção para o irmão. E isso ele entendeu, de fato, o presente que agora Jacó dará a Esaú é uma bênção. Ao enfrentar a si mesmo e suas sombras, Jacó é abençoado por Deus e agora pode se encontrar fraternalmente com seu irmão. O pecado do fratricídio, como animal acuado de tocaia, foi vencido e agora cada irmão poderá seguir seu caminho (Gn 33, 12 – 16).        

2.2. A história de Jacó e Labão (Gn 29, 1 – 32,1)
Aqui evidentemente está refletida a história dos encontros  e desencontros de dois povos, Aram e Israel, lutando por sua soberania, com demarcação de territórios e, portanto, procede no nível de relações internacionais.

2.2.1. Jacó amou Raquel (Gn 29, 1 – 30)
Jacó foge do irmão após roubar a bênção da primogenitura, chega a um poço e se encontra com a prima Raquel [amor a primeira vista]. O encontro familiar na casa de Labão é emocionante; um mês depois, inicia-se o encontro de negócios: a relação familiar começa a se desgastar – proposta de salário, de tio-sobrinho a relação transforma-se em patrão-empregado. Jacó, porém, mistura negócios com amor: “E Jacó amou Raquel” (Gn 29, 18). Apesar de ter servido o patrão por sete anos em troca da mão de Raquel, Labão dá Lia a Jacó no lugar de sua amada. Uma nova proposta é feita: mais sete anos de trabalho, o patrão lhe dá a mão de Raquel.

2.2.2. Jacó defende seus direitos (Gn 30, 25 – 31, 21)
Catorze anos depois, a família formada, com filhos para criar, Jacó começa a despertar, já não é mais um ingênuo apaixonado; cansou-se da exploração do  sogro-tio-patrão e quer partir, voltar para suas terras com as mulheres e filhos. Labão percebe que vai perder um empregado eficiente e barato, reconhece que foi graças q ele que acumulou o que tinha: há uma proposta nova de salário (30, 27 – 28). Jacó aceita, mas já tem planos para ganhar sua dependência econômica: agora Jacó fica rico em seis anos e o sogro cai na armadilha da ganância. Os filhos do tio-patrão não toleram esse progresso e acusam o empregado de roubo. Jacó faz uma reunião urgente de família, com suas esposas, e decide ir embora, com o apoio das mulheres que já se sentem vendidas pelo pai. Na casa do pai, Raquel se apossa do terafim, um ídolo doméstico, sinal da bênção protetora e preservação da herança, roubando do pai a proteção e a prosperidade que o pai lhe havia tirado e que ela tinha direito.  

2.2.3. Jacó assegura seus direitos (Gn 31, 22 – 32, 3)
Apesar da perseguição cuidadosa de Labão em busca do terafim, que Raquel o esconde com esperteza, Jacó discute com o sogro sobre a exploração sofrida e o momento é concluído com uma aliança de separação pacífica: o litígio familiar termina por meio de um acordo, em que Jacó e sua família são reconhecidos como independentes. Agora Jacó segue seu caminho para reencontrar seu irmão;  antes, luta com deus, recebe a bênção para devolve-la a Esaú. 

Uma brilhante conclusão é dada por Balancin (2009, p.73) dos conflitos que marcam o ciclo de Jacó: "A vida ensina: Jacó que havia tapeado o irmão Esaú, é tapeado pelo tio; havia roubado a bênção, agora seu salário é mudado três vezes; havia se apossado da bênção da primogenitura, agora é preciso lutar com Deus para que este lhe conceda a bênção (no vale de Jaboc) e essa bênção seja devolvida ao irmão do qual ele roubara a bênção. Jacó sofreu na pele o que fizera seu irmão sofrer, aprendeu. Então retorna, e a fraternidade se restabelece e cada um pode continuar seu caminho".

2.3. Os filhos de Jacó (Gn 29, 32 – 30, 24; 35, 16 – 19)
Segundo esses textos do Genesis, os filhos de Jacó são os seguintes:
* De Lia: Ruben, Simeão, Judá, Levi, Issacar, Dina.
* De Raquel: José e Benjamim.
* De Bala (escrava de Raquel): Dã e Neftali.
* De Zelfa (escrava de Lia): Gad e Aser.
 Esses nomes, somados aos filhos de José, Efraim e Manasses, são várias vezes citados como representantes das tribos de Israel.

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